Curso Online de Fundamentos de Finanças

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Afim de proporcionar instrumentos básicos para enfrentar os novos desafios dos dias atuais, a preocupação do conteúdo, dividido em dez capítulos, é levar ao leitor as ferramentas que fundamentam as finanças das empresas.

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  • Fundamentos de Finanças

  • 1
    A administração financeira e seus princípios básicos
    No ambiente financeiro, não raro, as empresas se deparam com questões sobre como investir seu dinheiro. Devem investir o saldo de caixa em títulos da dívida pública ou em ações de outras companhias? Devem comprar ou alugar uma máquina? Ou, ainda, devem construir sua nova fá- brica no Acre, onde a carga tributária é mais baixa do que em São Paulo?
    É importante perceber que o estudo das finanças de uma empresa nos fornece ferramentas relevantes para responder às grandes questões que norteiam o universo financeiro. Essas ferra- mentas, quando empregadas com experiência pelo gestor financeiro, possibilitam uma competente administração do caixa e de seus estoques, mantendo adequado nível de solvência e evitando ele- vados riscos. Esse processo proporciona, também, elementos de auxílio ao gestor para selecionar as melhores alternativas de investimento e alocação dos recursos da empresa.
    Assim, o presente capítulo visa a favorecer o estudo dos princípios básicos de finanças. Para tanto, foi dividido em quatro seções: na primeira procura-se identificar os princípios gerais das finanças, com atenção ao valor do dinheiro no tempo e à importância das demonstrações financeiras; na segunda apresentam-se as cinco formas jurídicas das empresas no Brasil e como, enquadradas nesses regimes, elas estão amparadas legal e economicamente; na terceira abordam-
    -se os principais tributos sujeitos às empresas e onde atuam nos relatórios financeiros; por fim, na quarta seção, é discutida a organização do mercado financeiro e de que forma os agentes econô- micos se posicionam quando tomadores ou ofertantes de recursos.

    1.1 Finanças das empresas e princípios gerais
    Ao evocarmos os princípios gerais das finanças das empresas, faz-se necessário definirmos, antes, o que vem a ser finanças. Podemos considerar o que diz Gitman (2009, p. 3) a respeito desse conceito: “finanças é uma arte e a ciência de administrar o dinheiro”.
    Se assim podemos compreender, quais princípios gerais norteiam essa arte e ciência? Dois grandes princípios podem ser considerados, segundo Braga (1992): o valor do dinheiro no tempo e as demonstrações financeiras como elementos de análise.
    Quando falamos em valor do dinheiro no tempo referimo-nos àquilo que uma empresa depende a todo o momento para sua manutenção e desenvolvimento. Trata-se dos seus inputs (entradas) e outputs (saídas) de recursos financeiros. Uma empresa em sua área financeira, mais especificamente, comporta-se como um organismo vivo que se alimenta de recursos (inputs) e libera recursos (outputs). Os recursos dos quais se alimenta são oriundos de suas vendas à vista ou a prazo, que ocorrem para a maximização do lucro seu objetivo final. Para que essas vendas funcionem como entradas para alimentar o sistema financeiro, no entanto, a empresa precisa ser perfeitamente coordenada em relação ao tempo. Entende-se nesse contexto que o tempo é a distân- cia percorrida entre o produto acabado e o produto disponível para venda.

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    Note que, se um produto ou vários ficarem muito tempo em estoque (ou serem vendidos muito tarde), há um processo de desvalorização natural devido à inflação (aumento geral dos ní- veis de preços) ou à obsolescência (novo produto mais competitivo e tecnologicamente mais eficaz ingressa no mercado), ou ainda em face de o concorrente conseguir lançar antes um produto se- melhante. Nestes casos, a perda do valor do produto pode ocorrer e desvalorizar o input que chega à empresa. Assim, haverá sempre uma taxa de juros a reduzir o valor do produto caso a distância entre o produto acabado e a venda torne-se muito longa preocupação fundamental da gestão financeira em sua área de decisão.
    Enquanto os inputs alimentam a empresa por meio de suas vendas, os outputs referem-se às saídas de dinheiro da empresa para que os inputs sejam gerados. Trata-se dos pagamentos para os investimentos em máquinas, equipamentos, construção de novos barracões industriais, mão de obra direta e indireta, energia elétrica, amortizações e juros de financiamentos. Esses outputs precisam ser devidamente organizados, pois a falta de sincronização entre as entradas e saídas de recursos é um padrão frequente.
    Isso significa que as vendas e, portanto, a entrada de recursos não serão exatamente quando os outputs precisarem ser honrados. Dito diferentemente, o resultado das vendas não coincidirá com os pagamentos dos funcionários ou das máquinas adquiridas para a produção. Nesse caso, mais uma vez o controle das entradas e saídas passa necessariamente pelo valor do dinheiro no tempo, que funciona como uma bússola a guiar as ações da empresa para antecipar receitas (inputs) e prorrogar pagamentos (outputs).
    No que concerne às demonstrações financeiras, a gestão de uma empresa precisa ter em mãos os mais importantes relatórios financeiros para sua administração e controle. Trata-se do Balanço Patrimonial e da Demonstração de Resultado de Exercício (DRE). Embora a emissão desses relató- rios seja de responsabilidade da contabilidade da empresa, sua análise e controle são realizados pelo departamento financeiro.
    O Balanço Patrimonial, especificamente, pode ser dividido em dois grandes quadrantes que compõem, de um lado, o Ativo e, de outro, o Passivo somado ao Patrimônio Líquido. Segundo Ribeiro (2010, p. 62),
    o Balanço Patrimonial é a demonstração financeira (Contábil) destinada a evi- denciar, quantitativa e qualitativamente, em uma determinada data, a posição patrimonial e financeira da entidade. O Balanço Patrimonial deve compreender todos os bens e direitos, tanto tangíveis (materiais) como intangíveis (imate- riais), as obrigações e o Patrimônio Líquido da entidade, levantados a partir dos resultados contábeis no seu livro Razão.
    Nesses termos, enquanto o Ativo reúne todas as contas de direitos e haveres da empresa, o Passivo compreende as obrigações e o Patrimônio Líquido os recursos próprios da empresa. Nessa divisão entre Ativo e Passivo, cada quadrante apresenta sua divisão entre curto e longo prazo.
    Como Ativo de curto prazo, podemos compreender todos os direitos da empresa a serem convertidos em dinheiro no exercício seguinte, isto é, no ano posterior à emissão do Balanço. Trata-se, nesse contexto, dos estoques de matéria-prima, produtos em processo, produtos acabados

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    e duplicatas a receber além da conta em banco, que pode reservar recursos em dinheiro (caixa) e aplicações financeiras. As contas de longo prazo, por sua vez, são alocadas no Ativo Permanente, onde encontramos o barracão industrial, os veículos operacionais, as máquinas e os equipamentos.
    Quanto ao Passivo, consideramos de curto e longo prazo de acordo com sua conversão no tempo. No curto prazo, encontramos as contas de fornecedores de materiais diretos e indiretos, tri- butos a pagar, algumas amortizações e juros de dívidas de empréstimos a serem pagos no exercício seguinte. No longo prazo, então, encontramos os empréstimos com suas amortizações e juros que vencerão depois do exercício seguinte. Por fim, no Patrimônio Líquido estão basicamente os lucros ou prejuízos acumulados, além do capital social da empresa (que representa o capital próprio).
    Das muitas tarefas do gestor financeiro, uma delas é analisar o Balanço Patrimonial e seus respectivos grupos de contas com base em indicadores econômicos e financeiros, que vão iden- tificar a situação de liquidez, endividamento, atividade e rentabilidade da empresa no tempo.
    Entre as demonstrações financeiras, além do Balanço Patrimonial, temos a Demonstração de Resultado de Exercício que, conforme o título sugere, identifica lucro ou prejuízo no resultado final do exercício. Marion (2008, p. 112) explica:
    o exercício social terá duração de um ano e a cada exercício será apurado o resultado, isto é, se houve lucro ou prejuízo. Portanto, em cada final de período, todas as despesas e receitas são transferidas para a Demonstração do Resultado do Exercício, e, no próximo período, apurar-se-á despesa e receita começando-
    -se do zero, ou seja, não se acumulam despesa e receita de um ano para o outro (Independência Absoluta de Períodos).
    Na DRE, o gestor conhece e identifica o nível dos tributos sobre a receita, o resultado que o custo do produto vendido exerce sobre a receita líquida e o impacto dos juros sobre seu lucro final.
    Conhecer e administrar as finanças de uma empresa implica em controlar as demonstrações financeiras baseado no Balanço Patrimonial e na Demonstração de Resultado de Exercício.

    1.2 Formas jurídicas de organização de empresas
    A forma jurídica de as empresas se organizarem está relacionada à sua formação inicial sob o ponto de vista legal e seu propósito na atividade econômica. Conhecer a forma jurídica permite identificar até onde as empresas podem avançar e quais suas obrigações, especialmente jurídicas.

    Pessoas jurídicas segundo o Código Civil
    Na Lei n. 10.406/2002, que institui o Código Civil, apresentam-se como pessoas jurídicas de direito privado: “I - as associações; II - as socieda- des; III - as fundações; IV - as organizações religiosas; V - os partidos políticos; VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada” (BRASIL, 2002, art. 44). Entende-se enquanto associações a “união de pessoas que se organizam para fins não econômicos” (BRASIL, 2002, art. 53). As sociedades, por sua vez, são classificadas segundo seu

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    objeto-fim: “a) sociedade empresária: aquela que tem por objeto o exer- cício de atividade própria de empresário sujeito a registro; b) sociedade simples: as demais” (BRASIL, 2002, art. 982). Ainda em seu parágrafo único temos: “a) a sociedade por ações é considerada sociedade empre- sária; e b) a sociedade cooperativa é considerada sociedade simples”.
    Em relação às fundações, segundo o Código Civil (BRASIL, 2002, art. 62, § único), somente poderão “constituir-se para fins religiosos, mo- rais, culturais ou de assistência”. Em sintonia, o artigo 44, parágrafo 1º (BRASIL, 2002), também afirma: “são livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas, sen- do vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento”.
    Sobre os partidos políticos, em seu artigo 44, parágrafo 3º (BRASIL, 2002), o Código Civil expressa: “serão organizados e funcionarão con- forme o disposto em lei específica”.
    Por fim, a empresa individual de responsabilidade limitada é discipli- nada no artigo 980-A (BRASIL, 2002): “será constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-mínimo vigente no país”.
    Neste capítulo nos fixaremos nas sociedades empresárias, especialmente na empresa indi- vidual, pois são as que têm como objetivo a maximização do lucro enquanto correspondem a um cenário econômico que as afeta direta ou indiretamente, seja pela concorrência ou por questões estritamente financeiras (bancos e agentes intermediadores, por exemplo). Desta forma, neste ca- pítulo e nos demais, ao falarmos de empresas, indústrias e atividades econômicas, estaremos nos referindo às atividades com fins lucrativos.

    1.3 A tributação de empresas
    A lógica que se estabelece entre o Estado enquanto agente governamental e as empresas e indivíduos é que, para manter os serviços básicos como saúde, infraestrutura, segurança, educação e outros, precisa-se de recursos, que advêm da aplicação de impostos e tributos.
    No caso das empresas, a tributação incide sobre a receita bruta e o Lucro Antes do Imposto de Renda (LAIR). De acordo com a regulamentação constitucional e suas leis, os tributos bási- cos são: Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS), Imposto sobre Serviços (ISS), Programa de Integração Social (PIS) e Contribuição para Fins Sociais (COFINS) aplicados sobre a receita bruta; sobre o lucro há a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSL) e o Imposto de Renda sobre a Pessoa Jurídica (IRPJ).

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    O Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) varia de acordo com o produto e material direto empregado na sua fabricação. Trata-se de um imposto federal cuja alíquota encontra-se dis- ciplinada na Tabela de Incidência de Produtos Industrializados (TIPI). Assim, de acordo com seu segmento de atividade, cada produto terá uma alíquota específica na TIPI.
    Quanto ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS), é de competência dos estados e do Distrito Federal. Esse imposto atua diretamente na receita bruta e nos materiais diretos para produção, variando de acordo com as fronteiras geográficas de cada estado. Temos ICMS diferente entre Paraná e Santa Catariana, por exemplo, assim como para os diversos estados da União.
    O Imposto sobre Serviços (ISS), por sua vez, é aplicado sobre a prestação de um serviço diferente do IPI, aplicado sobre a produção industrial. Ao ir a um médico, cabelereiro ou a uma academia, por exemplo, o serviço prestado deve recolher o ISS de acordo com a legislação em vigor. O Programa de Integração Social (PIS), por outro lado, pode ter duas alíquotas: 0,65% quando o resultado do exercício for com base no lucro presumido, e 1,65% quando a base for lucro real.
    A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS), semelhante ao PIS, também pode ter duas alíquotas de acordo com o lucro: se presumido, a alíquota é 3%; se lucro real, 7,6%.
    Quanto ao Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ), este é recolhido na rubrica logo abaixo do Lucro Antes do Imposto de Renda (LAIR). Deve-se observar a legislação em vigor para sua apuração.
    Por fim, a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) também é apurada com o Imposto de Renda (IR), logo abaixo do LAIR, em uma rubrica separada. O valor dessa contribui- ção deve observar a legislação em vigor.

    Instituições e mercados financeiros
    O mercado financeiro é representado por um conjunto de atores que tem por objetivo intermediar trocas de recursos financeiros. De um lado, atores que possuem excesso de liqui- dez e desejam emprestar dinheiro; de outro, atores deficitários que, não tendo liquidez, preci- sam de dinheiro emprestado. Essa troca de liquidez se faz por meio de empréstimos, compra e venda de títulos públicos e privados. Para o processo, esses atores devem estar em quatro diferentes tipos de mercados (FONSECA, 2009):
    monetário;
    de crédito;
    de capitais;
    cambial.
    O mercado monetário é representado por agentes econômicos que controlam e regulam as diversas atividades financeiras que nessa área se desenvolvem. O Banco Central, por exemplo, emite títulos para exercer a política monetária. Ao emiti-los, regula a liquidez da economia. Se muitos títulos são emitidos e comprados pelo público, há redução de moeda em poder público.

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    A recíproca é verdadeira: se o Banco Central compra esses títulos, aumenta a liquidez da econo- mia, pois os recupera e devolve dinheiro ao público.
    O mesmo movimento de comprar e vender títulos é feito pelos intermediários financeiros (corretores de valores mobiliários), que aproximam compradores de títulos e ações daqueles que querem vendê-los. Essa relação de troca de papéis por dinheiro e vice-versa garante o desenvol- vimento do mercado financeiro e da economia, tornando-o mais dinâmico e saudável interna e externamente na avaliação de outros países.
    Nessa relação de compra e venda de papéis, é importante dizer que o mercado financeiro conta com o Sistema Especial de Liquidação e Custódia (SELIC) e a Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos Privados (CETIP). Esses sistemas nada mais são do que grandes computadores cujo objetivo é promover a boa liquidação das operações do mercado monetário, propiciando maior segurança e autenticidade aos negócios realizados.
    O SELIC controla e liquida as operações financeiras nas relações de compra e venda de pa- péis públicos e privados. Por sua vez, de modo semelhante, a CETIP controla e liquida as trocas de papéis, mas somente no que concerne aos títulos (papéis) provados (LAGIOLA, 2007).
    Diferente do mercado monetário, o objetivo do mercado de crédito é garantir liquidez aos agentes da economia para financiar investimentos fixos (máquinas e equipamentos, por exemplo) e o custeio da empresa, como o capital de giro. O mercado de crédito também visa a garantir di- nheiro disponível ao público para a aquisição de bens de consumo, duráveis e não duráveis. As instituições bancárias estão no centro dessas operações.
    Nesse mercado, especificamente, podemos destacar cinco créditos que as instituições bancárias disponibilizam aos agentes econômicos (indivíduos e empresas): descontos bancá- rios de títulos, contas garantidas, créditos rotativos, empréstimos para capital de giro e crédito direto ao consumidor.
    Os descontos bancários de títulos referem-se às duplicatas oriundas das vendas a prazo. Imagine o gestor de uma empresa com uma duplicata no valor de R$ 100 mil, que receberá daqui a um ano. Considerando a necessidade de liquidez imediata, é possível descontar a duplicata e antecipar o recurso, mas é importante observar que haverá um deságio e o retorno certamente não serão os R$ 100 mil integralmente.
    As contas garantidas são as contas cujos créditos são garantidos. Ao abrir uma conta, por exemplo, o saldo de R$ 500,00 pode se mostrar como de R$ 800,00. Essa diferença atende às even- tuais necessidades das empresas que não possuem recursos suficientes disponíveis.
    Os créditos rotativos, por sua vez, são muito parecidos com as contas garantidas. Nessa operação, no entanto, o valor é para financiar a atividade econômica das empresas. O banco pode exigir duplicadas, por exemplo, como uma garantia do valor a ser adiantado.
    Os empréstimos para capital de giro, ou para custeio das empresas, oferecem linhas especí- ficas para custear a atividade de produção. Dado que normalmente o capital de giro, o custeio, é elevado nas empresas industriais, os bancos podem demandar uma garantia real: máquinas, equi- pamentos, barracão industrial etc.

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    Quanto ao crédito direto ao consumidor (CDC), a operação se realiza direto entre gerente e cliente do banco. Trata-se do crédito normalmente negociado quando se quer trocar o automóvel ou fazer uma viagem para o exterior em férias.
    O terceiro tipo de mercado financeiro é o de capitais. Trata-se do encontro de agentes econômicos para intermediar trocas. Enquanto no mercado de bens e serviços encontramos empresas e indivíduos que desejam, respectivamente, vender e comprar determinado objeto, no mercado de capitais são objetos intangíveis como papéis (ações). Segundo Cavalcante, Misumi e Rudge (2005, p. 17),
    As operações no mercado de capitais usualmente são de longo prazo e podem envolver a compra de participação acionária no empreendimento. No mer- cado de capitais, os principais títulos negociados são os representativos do capital de empresas (ações) ou de empréstimos feitos via mercado por empre- sas (debêntures conversíveis, bônus de subscrição etc.) sem participação de intermediários bancários.
    Nesses termos, o mercado de capitais funciona como uma estrutura que possibilita a ma- nutenção da liquidez das empresas. Essas trocas de títulos por dinheiro e vice-versa favorecem a atividade produtiva ao custearem os empreendimentos empresariais.
    Em uma economia aberta como a brasileira, que se relaciona com o resto do mundo, surge a necessidade de se obter bens e serviços que internamente não são produzidos. Com isso, por exem- plo, o Brasil consegue exportar aço para os Estados Unidos, pois exibe uma enorme capacidade de produzir esse bem econômico, e logo importar braços robóticos desse mesmo país para a indús- tria automobilística. Nessa relação de troca (importação e exportação), há necessidade de conver- ter dólar em reais, o que faz surgir e fortalecer o mercado cambial. De acordo com Krugman e Obstfeld (1999, p. 341),
    Assim como os outros preços na economia são determinados pela interação dos compradores e dos vendedores, as taxas de câmbio são determinadas pela intera- ção dos indivíduos, empresas e instituições financeiras que compram e vendem moedas estrangeiras para fazer pagamentos internacionais. O mercado no qual as trocas de moeda internacional correm é denominado mercado de câmbio.
    Observa-se, assim, que os tipos de mercados oferecem às empresas diferentes oportunida- des de trocas de recursos financeiros. Cada possibilidade vem corresponder a um cenário e a uma demanda específica.

    Considerações finais
    Os princípios básicos da administração financeira convidam ao conhecimento de alguns conceitos sobre finanças seus preceitos gerais, suas formas jurídicas, sua organização, seus prin- cipais tributos e as instituições que as financiam. Conhecendo esses princípios, o gestor financeiro é capaz de conduzir a empresa de forma eficaz tanto no que concerne à atividade de planejamento quanto à aquisição de uma máquina ou expansão do chão de fábrica, além de melhor exercer sua

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    atividade de controle (encontrando as melhores formas de minimizar os impactos dos impostos em suas receitas e de alavancar seus recursos financeiros, seja de terceiros e/ou de capital próprio).
    Por fim, esses princípios básicos auxiliam o gestor financeiro a estabelecer metas e objetivos de acordo com as regras que norteiam a atividade financeira.

    Ampliando seus conhecimentos
    Para ampliar e aprofundar seus conhecimentos, sugerimos a leitura de duas obras relevantes sobre o tema abordado neste capítulo.
    A primeira aborda o funcionamento do mercado financeiro na década de 1980, nos EUA. Indica de que forma as grandes empresas conseguiram enriquecer e quais seus compor- tamentos em face da crise internacional de 2008. Escrito por Michael Lewis, O jogo da mentira foi publicado pela editora Best Business (Rio de Janeiro, 2012).
    A segunda obra indicada é de David Niven, intitulada Click, publicada pela editora Gutenberg (São Paulo, 2016). Nessa obra, Niven aborda de que forma grandes empreen- dimentos surgem como respostas a grandes complexidades. A Starbucks e os empreendi- mentos de Steven Spielberg, por exemplo, revelam os desafios de empreender sob grandes barreiras financeiras, tecnológicas e econômicas.

    Atividades
    Imagine-se gestor financeiro de uma empresa que está em processo de insolvência técnica em seu Balanço Patrimonial quer dizer, seu Passivo está maior que seu Ativo. Consideran- do já possuir títulos aplicados no mercado financeiro, reflita qual seria a melhor saída:
    Comprar mais títulos, pois a taxa de juros compensa a aquisição, para vender posterior- mente por um valor melhor?
    Vender títulos conforme a taxa de juros do mercado e, assim, recuperar a liquidez da empresa?
    Imagine que você e dois colegas desejam abrir uma sociedade para produzir sacolas reciclá- veis. Para isso, terão de alugar ou comprar um barracão industrial, contratar mão de obra direta e indireta, adquirir matéria-prima, investir em logística para recuperar materiais e distribuir as sacolas nesse mercado. Há, no entanto, o aspecto jurídico quanto à formação da empresa. Vocês deverão decidir, então, de que forma a nova sociedade será organizada sob o ponto de vista legal e seu propósito na atividade econômica. Reflita sobre qual será a melhor forma de se organizarem sob o ponto de vista legal para essa atividade econômica.
    Nas economias abertas, os países se relacionam por meio da importação e exportação, no entanto alguns produtos, não raro, têm certa dificuldade de entrada. Pode-se exemplificar com a história dos televisores LCD. O cristal líquido presente nesses produtos surgiu com base na tecnologia militar norte-americana para fins de defesa. Mais tarde, houve várias apli-

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    cações na indústria civil essa transferência de tecnologia denomina-se spin off. Uma dessas aplicações ocorreu nos televisores LCD e, pouco depois, os EUA começaram a produzi-los em larga escala, embora continuassem a empregar o cristal líquido em sua defesa militar. O Japão também desenvolveu seus televisores LCD. Com isso, houve um crescimento ex- traordinário na concorrência da indústria de telas planas no Japão que passou a preocupar enormemente os EUA (MAZZUCATO, 2014).
    Nesse cenário, você poderia dizer por que os Estados Unidos se preocuparam com o avanço das telas planas japonesas?

    Referências
    BRAGA, R. Fundamentos e técnicas de administração financeira. São Paulo: Atlas, 1992.
    BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm. Acesso em: 5 dez. 2018.
    CAVALCANTE, F.; MISUMI, J. YOSHIO; RUDGE, L. F. Mercado de capitais: o que é isso, e como funciona. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.
    FONSECA, J. W. F. da. Mercado de Capitais. Curitiba: IESDE, 2009.
    FORTUNA, E. Mercado financeiro: produtos e serviços. São Paulo: Qualitymark, 2002. GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. São Paulo: Pearson, 2009.
    KRUGMAN, P.; OBSTFELD, M. Economia internacional. São Paulo: Makron Books, 1999. LAGIOLA, U. C. T. Fundamentos do mercado de capitais. São Paulo: Atlas, 2007.
    MARION, J. C. Contabilidade Empresarial. São Paulo: Atlas, 2008. MAZZUCATO, M. O Estado Empreendedor. São Paulo: Shwartz. 2014.
    RIBEIRO, O. M. Demonstrações financeiras: mudanças na lei das sociedades por ações como era e como ficou. São Paulo: Saraiva, 2010.
    SEBRAE. Características das empresas pela forma jurídica. Disponível em: http://www.sebrae.com. br/sites/PortalSebrae/ufs/ap/artigos/caracteristicas-das-empresas-pela-forma-juridica,813ae3ae7d 316410VgnVCM1000003b74010aRCRD. Acesso em: 5 dez. 2018.

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    Fundamentos da matemática financeira
    Em uma avaliação de investimentos, um dos grandes desafios da gestão financeira é a toma- da de decisão. Trata-se de reconhecer que sempre haverá, nas finanças das empresas, a necessidade de selecionar e avaliar projetos e recursos a serem aplicados ou ampliados.
    De extrema importância, as ferramentas da matemática financeira auxiliam o gestor nessas avaliações, atuando como verdadeiros guias na tomada de decisão. Por essa razão, o presente capí- tulo objetiva favorecer o conhecimento das ferramentas da matemática financeira e de sua devida aplicação. Organiza-se, assim, em quatro seções: na primeira, identifica a importância da relação entre capital e juros na atividade financeira; na segunda, apresenta o emprego dos juros simples nas finanças; na terceira, indica seis técnicas de cálculo de juros compostos; por fim, na quarta seção, aborda as tabelas financeiras como instrumentos de apoio para o cálculo de juros e de investimen- tos. Para facilitar a leitura, as tabelas financeiras estão anexas ao fim do capítulo.

    2.1 A relação entre capital e juros
    Quando falamos de capital e juros, relacionamos variáveis indissociáveis no contexto finan- ceiro. Isso ocorre na medida em que, seja um empréstimo realizado à pessoa física ou um emprésti- mo em um banco de fomento para a aquisição de uma máquina, o valor emprestado, o capital, tem sua remuneração por meio dos juros pagos.
    Neste contexto, o capital representa o valor monetário que um agente econômico (pessoa ou empresa) empresta a outro durante certo período. Há, portanto, aquele que empresta e aquele que demanda dinheiro nessa relação dual. Para que o processo seja saudável financeiramente, surge o pagamento desse recurso pelo empréstimo conhecido como taxa de juros, podendo ser simples ou de juros compostos.
    Vamos supor que você deseje adquirir um carro novo e lhe faltam R$ 12 mil. Seu amigo lhe empresta esse valor com a condição de você devolvê-lo no final de um ano, a uma taxa de 10% ao ano. Seu amigo está, dessa forma, dizendo que, ao final, ele vai querer R$ 12 mil + 10% (0,1 × R$ 12 mil, perfazendo um total de juros de R$ 1.200,00).
    Assim, ao fim de um ano, seu amigo receberá a importância de R$ 13.200,00 correspon- dente ao total do empréstimo (R$ 12 mil) somado aos juros (R$ 1.200,00). A este valor final (R$ 13.200,00) denominamos montante que, de acordo com Hazzan e Pompeo (2001), refere-se ao empréstimo devolvido em um único pagamento, quando o tomador paga, ao término do prazo, a soma do capital com o juro.
    É válido dizer, nesse contexto, que nas relações estabelecidas no mercado financeiro con- tamos com a representação de três agentes econômicos: o tomador de recursos, o emprestador e um intermediário financeiro, que atua como elo entre os dois primeiros. No caso mencionado,


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