Curso Online de Administração Financeira
O foco deste curso é capacitá-lo a otimizar a tomada de decisões financeiras corporativas; para isso, começamos, no Capítulo 1, apresenta...
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Fundamentos de administração financeira
A administração financeira é essencial para o sucesso das empresas, seja ela pública ou privada, com ou sem fins lucrativos. Se olharmos nos bastidores de negócios bem-sucedidos, perceberemos que há sempre algo em comum entre eles: uma gestão financeira sólida e eficiente. Portanto, neste capítulo, será apresentada a descrição dos conceitos-chave que fundamentam as finanças corporativas, e nos dão a base para as técnicas que serão apresentadas nos demais capítulos.1.1 A função da administração financeira
Antes de nos aprofundarmos nas características da função da administração financeira, vamos entender qual é o conceito de finanças. A palavra finanças pode ser definida como “a arte e a ciência de administrar o dinheiro” (GITMAN, 2010, p. 3), ou as práticas organizacionais sobre onde investir seus recursos financeiros e onde buscar fundos para suportar tais decisões, pois toda decisão organizacional de investimento vem acompanhada de uma decisão de financiamento, seja via capital próprio ou de terceiros.
Todas as atividades empresariais, públicas ou privadas, envolvem recursos financeiros, e orientam-se para a obtenção de lucros ou de sobras financeiras. As receitas operacionais devem ser suficientes para cobrir todos os gastos incorridos e ainda gerar lucro, que poderá ser reinvestido em novos projetos ou, parte dele, distribuído aos sócios. Todavia, os investimentos em novos projetos devem produzir um retorno compatível com o risco assumido, por meio da geração de resultados econômicos (lucro) e financeiros (caixa).
Até a década de 1980, a função financeira era mais relacionada à função contábil, o gestor financeiro passava boa parte do seu tempo analisando os demonstrativos financeiros. Ao longo dos anos, o ambiente empresarial foi se tornando mais complexo devido às inovações financeiras e tecnológicas e ao avanço acirrado da concorrência. Tais fatores passaram a exigir outras habilidades e competências do gestor financeiro, o qual passou a direcionar seus esforços no desenvolvimento de outras expertises como: métricas de desempenho, elaboração de planejamento, implementação de controles internos, melhoria contínua na comunicação com os investidores e bancos, mensuração de resultados e projeção de análises de mercados, gestão de custos e formação de preços, relatórios de performance de vendas, ações de marketing, produtividade da equipe, feedback dos clientes, entre outros. Portanto, vamos entender melhor, dentro do ambiente empresarial, as funções da administração financeira:
a. Planejamento financeiro: evidencia as necessidades de expansão da empresa observando as oportunidades que o ambiente externo oferece. O planejamento financeiro ajuda na racionalização dos processos, contribuindo para identificar melhores alternativas para os processos já existentes. Auxilia o gestor a selecionar, numa maior margem de segurança, os ativos mais rentáveis e condizentes com os negócios da empresa, buscando a maximização do retorno sobre os investimentos. -
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Controle financeiro: é tão importante quanto o planejamento. Por não ser estático, o planejamento deve ser monitorado para possíveis ajustes devido às oscilações de mercado e imprevistos relacionados à atividade da empresa. O controle financeiro é essencial para monitorar se o que foi proposto no orçamento está em acordo ou desacordo para, caso necessário, tomar-se medidas corretivas.
Administração de ativos: gerar lucro líquido por meio dos ativos operacionais da empresa, identificando a melhor estrutura dos ativos em termos de risco e retorno. Com base na administração de ativos, observa-se em quais dos ativos serão aplicados os recursos financeiros: nos circulantes (ativos correntes) ou nos não circulantes (realizáveis a longo prazo e permanentes).
Administração de passivos: é voltada para a aquisição de recursos financeiros para o financiamento dos ativos circulantes e não circulantes e o gerenciamento de sua composição quanto à liquidez.
1.1.1 Relação com a economia e a contabilidade
Não se faz gestão financeira sem olhar para o ambiente externo e interno de maneira contínua. Para o ambiente interno, os demonstrativos financeiros contábeis nos fornecem o realizado até o momento (visão do passado), e, para o ambiente externo, o ambiente econômico nos dá parâmetros para planejar o futuro.
No que se refere à economia, os gestores financeiros têm como função fazer a leitura do ambiente econômico em que atuam, tanto do microeconômico demanda e oferta quanto do macroeconômico inflação, taxa básica de juros (Selic), câmbio, índice de desemprego, índice de inadimplência, Produto Interno Bruto (PIB), entre outros que impactem no seu negócio. Seja o ambiente interno, externo ou os dois, essa leitura é necessária para que possam criar estratégias diante das mudanças de condições ou se anteciparem a elas.
Segundo Gitman, “o princípio econômico usado pelos gestores financeiros é o da análise marginal, no qual uma decisão financeira deve ser tomada apenas quando os benefícios adicionais superam os custos adicionais” (GITMAN, 2010, p. 23). Para isso, é muito importante que o gestor financeiro esteja atento, diariamente, para as consequências de níveis de variáveis de atividade econômica e de mudanças de política econômica.
A gestão financeira está relacionada à contabilidade e à economia ao atuar com informações geradas nas transações do dia a dia. A gestão financeira tem seu foco nos recursos financeiros e na sua disponibilidade, nos potenciais problemas de liquidez, no casamento dos prazos de recebimento e pagamento, nas aplicações dos superávits de caixa, nos empréstimos para déficit de caixa, entre outros. Enquanto a contabilidade tem seu foco nas obrigações fiscais, no registro formal das atividades, no relacionamento com as autoridades tributárias e no cumprimento dos prazos legais, os resultados da gestão financeira dão continuidade ao trabalho do departamento contábil, e os resultados da contabilidade norteiam as decisões futuras da gestão financeira. -
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1.1.2 Regime de competência e de caixa
Entender e diferenciar os métodos de lançamentos de entradas e saídas de recursos financeiros é essencial para o gestor financeiro. Sendo assim, vamos conhecer os conceitos de regime de competência e de caixa.
No regime de competência, método utilizado pela contabilidade, o registro se dá pelo fato gerador, ou seja, a data que ocorreu a venda ou o pagamento independentemente de quando se irá receber ou pagar. O registro é feito considerando a data de emissão da nota fiscal.
No regime de caixa, o gestor financeiro está mais preocupado em quando o dinheiro irá realmente entrar ou sair do caixa do que com a data em que a venda foi negociada. Essa premissa é fundamental para a elaboração do fluxo de caixa e para as decisões de aplicações de superávits de caixa ou empréstimos para déficits de caixa.
Mas então quando utilizar um ou o outro? Para medir o resultado econômico (lucro ou prejuízo) e a rentabilidade das operações da empresa, o ideal é utilizar o regime de competência. Para medir a saúde financeira, planejar e controlar as necessidades e sobras de caixa, bem como apurar o resultado financeiro da empresa, recomenda-se a utilização do regime de caixa.
Veja um exemplo observando a seguinte operação:
Vendas
R$ 200.000,00
(100% a receber em 45 dias)
Pagamentos
R$ 180.000,00 (pago integralmente aos fornecedores)
Compare as diferenças, em termos de desempenho, entre o regime de competência e o regime de caixa:
Demonstrativo de resultado (Mês atual)
Observe que, no regime de competência, a empresa apurou lucro de R$ 20.000,00, já que o lançamento é feito na data do fato gerador e independe de quando o dinheiro entra ou sai do caixa. No regime de caixa, observa-se um prejuízo de R$ 180.000,00. Aqui o que importa é quando o dinheiro efetivamente sai ou entra no caixa. Como a receita entrará daqui a 45 dias, então somente aparecerá no caixa do mês seguinte.
1.1.3 Tarefas básicas da administração financeira
Segundo Braga (1989, p. 12), “a função financeira compreende um conjunto de atividades relacionadas com a gestão dos recursos movimentados por todas as áreas da empresa”. Como obter esses recursos (decisões de financiamentos), onde aplicá-los (decisões de investimentos) e como decidir a destinação do lucro são as principais atividades do gestor financeiro. Podemos explicá-las da seguinte forma: -
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Obtenção dos recursos: objetiva-se que o gestor busque as melhores taxas de juros do mercado e as melhores condições de pagamento para que não haja reflexos negativos na lucratividade da empresa. O conhecimento de quanto a empresa vai utilizar de capital próprio (aporte de recursos pelos sócios ou emitindo ações no mercado financeiro) e de terceiros (financiamentos, debêntures, empréstimos) em um processo de capitalização1 é essencial para uma gestão eficaz, podendo apenas ocorrer algumas variações de setor para setor.
Alocação dos recursos: é importante que a gestão analise a forma que a empresa irá alocar os recursos captados, como em capital de giro (estoques, duplicatas a receber, fornecedores), em imobilizado ou em pesquisa e desenvolvimento etc. A alocação eficiente dos recursos é essencial para a empresa alcançar a rentabilidade desejada e preservar a capacidade de honrar seus compromissos.
Decisões relativas ao lucro: quanto do lucro deve ser distribuído aos acionistas e quanto deve ser retido para financiar a expansão dos negócios? Cabe ao gestor financeiro planejar, organizar, liderar e controlar as atividades e projetos da empresa, de modo a assegurar que os objetivos de resultados estabelecidos sejam cumpridos. Existem várias formas de direcionamento dos lucros dependendo da atividade-fim da empresa e dos seus objetivos de curto e longo prazo. Podemos citar como exemplo: (1) investimentos na atividade-fim: novas tecnologias, softwares, máquinas e equipamentos, imóveis, investimentos em PD, lançamento de novos produtos, entre outros; (2) investimentos fora da atividade-fim: investimento em outros negócios ou setores, compra de títulos no mercado de capitais, imóveis para aluguel, entre outros; ou (3) distribuir aos sócios.
Essas três atividades básicas devem estar alinhadas, pois, do contrário, as ações poderão refletir de maneira negativa no lucro. Um exemplo do prejuízo da falta de coerência entre essas etapas é a perda de meses de trabalho elaborando plano de negócios para conseguir uma taxa de juros atrativa, via bancos de desenvolvimento2, e não alocar esses recursos de modo eficaz, por exemplo, em estoques que poderão ficar parados e obsoletos ou em máquinas que podem gerar capacidade ociosa. Uma ação malfeita pode anular a outra!
1.1.4 Problema e custo de agency
Vamos entender o problema e custo de agency por meio de estudos empíricos de alguns estudiosos do campo de estudo. Chandler (1977), ao analisar as empresas nos Estados Unidos, entre a década de 1840 até a Primeira Guerra Mundial, demonstra como o surgimento das grandes empresas de produção em massa e a organização da empresa como sociedade por ações com separação entre propriedade e gestão e diluição do capital por um grande número de acionistas
tornou-se o padrão entre as grandes empresas.Recursos para expansão dos negócios como novas tecnologias, investimento em mão de obra, pesquisa e desenvolvimento, máquinas e equipamentos, entre outros.
Instituições financeiras que financiam programas e projetos a fim de promover desenvolvimento econômico e social. -
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A estrutura da gestão e propriedade das corporações vêm passando por mudanças desde a década de 1930, conforme demonstrado por Berle e Means (1988). No estudo, os autores observam a concentração econômica nos Estados Unidos no início do século XX e suas consequências. Uma delas foi a dispersão do capital acionário em um grande número de acionistas, todos com pequenas frações do capital total, sem poder exercer controle efetivo sobre os executivos da empresa.
Tal fato, aliado à presumida diferença entre os objetivos dos acionistas e os dos executivos, estaria resultando em autonomia para os executivos das grandes empresas tomarem decisões sobre a produção e a distribuição da riqueza gerada, sem prestar contas para os acionistas ou para a sociedade (FIANI, 2015), ocasionando o que a literatura denomina de problemas de agência (JENSEY; MECKLING, 1976).
O problema da agência ocorre quando partes cooperantes têm objetivos e divisão do trabalho diferentes, segundo Fiani (2015, p. 75):
são problemas que resultam quando uma parte (o principal) delega a tomada de decisões à outra parte (o agente), caso o agente não tenha exatamente os mesmos objetivos do principal e este não possua informações adequadas acerca das decisões do agente para avaliar se foram as mais adequadas.
O objetivo do principal é maximizar a diferença entre o valor que recebe, como resultado das ações do agente, e o valor pago ao agente. Na ausência de mecanismos para alinhar os interesses de ambas as partes, o agente fica propenso a não se importar com o valor gerado para o principal, voltando sua preocupação pelo valor que recebe pela participação na relação, menos os custos que incorra para tal.
Em síntese, problema de agency é a probabilidade de que os administradores coloquem seus interesses pessoais acima dos objetivos da empresa, e custos de agency são os custos incorridos pelo principal para manter uma estrutura de governança corporativa que minimize os problemas de agency. Monitorar o comportamento dos administradores, evitando práticas administrativas desonestas, e oferecer incentivos financeiros para maximizar o preço da ação contribuem para a maximização da riqueza dos proprietários.
Para minimizar tal problema, a governança corporativa surge como um conjunto de leis, políticas, incentivos e monitoramentos que auxiliam na administração das questões resultantes da separação de propriedade e controle, buscando o alinhamento dos incentivos dos executivos com as metas do principal.1.2 Objetivo da empresa
Jensen (2001) e Brealey e Myers (2000) afirmam que, para os economistas financeiros, a função-objetivo da empresa está em utilizar um critério claro e lógico para tomar decisões e ter seu desempenho avaliado, e que tal critério maximize o valor da empresa. Brealey e Myers (2000) complementam que a função-objetivo da empresa está relacionada à tomada de decisões do administrador financeiro e que essas decisões devem estar de acordo com os interesses dos proprietários (acionistas de sociedades por ações e sócios de sociedade por meio de cotas). -
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14Para DiMaggio (2009, p. 4), as forças indutoras de mudanças que surgiram na década de 1980, inclusive do “comportamento dos investidores, aprimorou o mercado de controle corporativo e tornou a administração das empresas mais sensíveis ao resultado final”. Contudo, Jensen (2001) acredita que somente aceitar a teoria da maximização da riqueza dos acionistas não assegura o sucesso da empresa, é necessário também uma visão estratégica e tática que una e motive os proprietários e os executivos da organização na luta pela sobrevivência da empresa.
Jensey (2001, p. 8), ao observar esse movimento, propõe em seu estudo uma nova abordagem para a função-objetivo da empresa denominada maximização iluminada de valor, no intuito de unir os conceitos das teorias de maximização do valor e o equilíbrio dos interesses dos proprietários e dos executivos. A maximização iluminada de valor tem como fundamento a estrutura da teoria
dos stakeholders, adotando, porém, a maximização do valor de longo prazo da empresa como critério
para a tomada de decisões corporativas e para a definição dos trade-offs entre seus stakeholders.
Maximizar a riqueza dos proprietários, para Cornett et al. (2013), significa considerar as seguintes perguntas:
Qual a melhor maneira de trazer recursos financeiros adicionais para a empresa?
Em quais projetos investir e quais desinvestir?
Como melhorar a rentabilidade desses projetos ao longo do tempo?
O retorno dos projetos deve ser compatível com o risco assumido?
Em síntese, o gestor financeiro deve ter como objetivo a maximização da riqueza dos acionistas. Segundo Gitman (2010, p. 12), “se os administradores financeiros tiverem sucesso nessa missão também atingirão seus próprios objetivos financeiros e profissionais”, pois, ao manterem os acionistas satisfeitos, mais investimentos a empresa receberá e mais próspera se tornará.
Instituições e mercados financeiros
Os mercados financeiros desempenham a função econômica de canalizar recursos monetários daqueles que poupam para aqueles que precisam de recursos financeiros. Tanto os mercados financeiros como os intermediários financeiros precisam ter um bom funcionamento para aumentar a eficiência e o bem-estar econômico. O mercado financeiro pode ser subdividido em quatro mercados (PASSOS; NOGAMI, 2016):
Mercado de capitais: o mercado de capitais tem como função principal canalizar as poupanças da sociedade para o desenvolvimento das indústrias, do comércio e de outras atividades econômicas. É no mercado de capitais que ocorrem todas as negociações de títulos mobiliários, entre eles a compra e a venda de ações e de títulos de dívidas, como as
debêntures.
As negociações são via corretoras e bolsa de valores, geralmente, visando ao
médio e longo prazos.
stakeholders: público estratégico; funcionários, clientes, fornecedores, credores, entre outros.
trade-offs: conflito de escolha.
debêntures: título de dívida que gera direito de crédito ao investidor. -
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Mercado monetário: é nesse mercado que são realizadas as operações de mercado aberto
open market e as operações de um dia overnight. Serve também como instrumento da política monetária em que o governo atua para controlar o nível de liquidez da economia. As operações são de curto e curtíssimo prazos.
Mercado de crédito: as instituições financeiras que atuam nesse mercado são aquelas especializadas no fornecimento de crédito ao consumidor, no financiamento de bens duráveis e no financiamento do consumo e capital de giro das empresas. As operações de financiamentos e empréstimos podem ser de curto e médio prazos.
Mercado cambial: nesse mercado são realizadas as operações de curto prazo e à vista na transformação de valores da moeda estrangeira em nacional, e vice-versa, determinando as cotações diárias dessas moedas.
Para uma melhor compreensão desses mercados, vejamos o Quadro 1.
Quadro 1 Características dos mercados financeiros
Fonte: Passos; Nogami, 2016, p. 488. -
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1.3.1 Sistema Financeiro Nacional (SFN)
O sistema financeiro é complexo e compreende vários tipos de instituições financeiras públicas e privadas. Tem como finalidade viabilizar a relação entre agentes carentes de recursos (tomadores de recursos) e agentes capazes de gerar poupança e, consequentemente, em condições de financiar o crescimento da economia (poupadores). As instituições financeiras também são responsáveis por dar liquidez aos diferentes títulos financeiros existentes no mercado.
Mas quem são os aplicadores, ou poupadores, e os tomadores de recursos?
Aplicadores ou poupadores de recursos financeiros são aqueles que ofertam recursos, ou seja, são aqueles que possuem superávit financeiro. Nesse caso, o volume de recursos que ele depende para consumo é menor do que sua renda, ocasionando uma sobra financeira que é colocada à disposição do mercado financeiro sob a remuneração de juros.
Já os tomadores de recursos são aqueles que se encontram em uma situação de déficit financeiro, em que o volume de recursos que ele depende para consumo é maior do que a sua renda disponível, sendo necessário captar recursos no mercado financeiro.
E é nesse intervalo que entra o papel dos intermediadores financeiros, os quais fazem uma “ponte” entre os aplicadores e tomadores de recursos, conforme demonstrado na Figura 1.
Figura 1 Relação dos intermediários financeiros com os aplicadores e tomadores de recursosAplicadores ou poupadores de recursos financeiros
Intermediários financeiros
Tomadores de recursos financeiros
Fonte: Elaborada pela autora
Tanto os aplicadores como os tomadores de recursos precisam de um intermediário financeiro para atender seus objetivos.O objetivo do Sistema Financeiro Nacional, nas questões monetárias, é formular e executar a política de moeda e do crédito, objetivando o progresso econômico e social do país. O SFN é organizado por agentes normativos, supervisores e operadores, conforme veremos a seguir.
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Quadro 2 Organização do Sistema Financeiro NacionalMoeda, crédito, capitais e câmbio
Seguros privados
Previdência fechada
Órgãos normativos
CMN
Conselho Monetário NacionalCNSP
Conselho Nacional de Seguros PrivadosSusep
Superintendência de Seguros PrivadosSeguradoras e resseguradoras
Entidades abertas de previdência
Sociedades de capitalização
CNPC
Conselho Nacional de Previdência ComplementarPrevic
Superintendência Nacional de Previdência ComplementarEntidades fechadas de previdência complementar (fundos de pensão)
Supervisores
BC
Banco Central do Brasil
CVM
Comissão de Valores Mobiliários
Operadores
Bancos e caixas econômicas
Administradoras de consórcios
Bolsa de valores
Cooperativas de crédito
Corretoras e distribuidoras*
Bolsa de mercadorias e futuros
Instituições de pagamento**
Demais instituições não bancárias
* Dependendo de suas atividades, corretoras e distribuidoras também são fiscalizadas pela CVM.
** As instituições de pagamento não compõem o SFN, mas são reguladas e fiscalizadas pelo BCB, conforme diretrizes estabelecidas pelo CMN.Fonte: Adaptada de BCB, 2019.
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Órgãos normativos
Os órgãos normativos estabelecem regras gerais para que suas funções sejam executadas com eficiência. Atualmente, o SFN tem três órgãos normativos (BCB, 2019). Sendo eles:
O Conselho Monetário Nacional (CMN) para moeda, crédito, capitais e câmbio.
O Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) para seguros privados.
O Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC) para previdência fechada.
Vamos entender cada um deles, bem como suas atribuições:
Conselho Monetário Nacional CMN: criado em 31 de dezembro de 1964, o CMN é responsável por expedir diretrizes gerais, visando a um bom funcionamento do SFN. Não desempenha função executiva, uma vez que seu foco está no fomento do progresso econômico e social, tem sua atuação direcionada ao que tange as diretrizes de políticas monetárias, creditícia e cambial, portanto desempenha papel legislativo junto a instituições financeiras públicas e privadas (BACEN, 2019). Suas principais atribuições, de acordo com o Artigo 3º, da Lei nº 4.595, são:
III.
adaptar o volume dos meios de pagamento às reais necessidades da economia nacional e seu processo de desenvolvimento;
regular o valor interno da moeda, para tanto prevenindo ou corrigindo os surtos inflacionários ou deflacionários de origem interna ou externa, as depressões econômicas e outros desequilíbrios oriundos de fenômenos conjunturais;
regular o valor externo da moeda e o equilíbrio no balanço de pagamento do País, tendo em vista a melhor utilização dos recursos em moeda estrangeira;
orientar a aplicação dos recursos das instituições financeiras, quer públicas, quer privadas, tendo em vista propiciar, nas diferentes regiões do País, condições favoráveis ao desenvolvimento harmônico da economia nacional;
propiciar o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos financeiros, com vistas à maior eficiência do sistema de pagamentos e de mobilização de recursos;
zelar pela liquidez e solvência das instituições financeiras;
coordenar as políticas monetária, creditícia, orçamentária e da dívida pública interna e externa. (BRASIL, 1964)
Conselho Nacional de Seguros Privados CNSP: o CNSP é responsável por estabelecer diretrizes e normas da política de seguros privados. Suas principais atribuições, de acordo com a Lei nº 4.595, são: fixar diretrizes e normas, regular a constituição e estabelecer as diretrizes gerais das operações de resseguro (BRASIL, 1964). O órgão é composto pelo Ministro da Fazenda (presidente); representante do Ministério da Justiça; representante do Ministério da Previdência Social; Superintendente da Superintendência de Seguros Privados; representante do Banco Central do Brasil e representante da Comissão de Valores Mobiliários.
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