Curso Online de O alambique e os tipos de cachaça
• HISTÓRIA DA CACHAÇA • Alambique • História da Cachaça • Produção da Cachaça • Tipos de Cachaça O Alambique é um equipamento de destila...
Continue lendoAutor(a): Luiz Carlos Ferreira
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O Alambique é um equipamento de destilação simples.
Foi utilizado desde tempos remotos, encontrando-se frequentemente relacionado com a alquimia.
Embora o Alambique tradicional seja feito de cobre, nos dias de hoje podem-se também encontrar destes instrumentos em vidro. Pode, por exemplo, ser usado para fazer aguardente de cana.
O Alambique é dos utensílios (enseres) mais importantes quer nos trabalhos espagíricos ou alquímicos. Sem este aparelho não há espíritos, que são tão importantes na nossa Arte. Atualmente não é fácil encontrar um mestre vidreiro que possa fazer um Alambiquetal como os que eram usados pelos nossos antigos Mestres.
Em certos casos podereis usar um Alambique de cobre, mas quando se trata da destilação de espíritos ácidos o Alambique terá de ser de bom vidro Pirex. As retortas para 2 ou 3 litros são muito volumosas e é ainda mais difícil encontrá-las.
Nos tempos de hoje
A fabricação de Alambiques está a todo vapor. Nos últimos anos, as empresas especializadas na produção desses equipamentos de cobre indispensáveis à elaboração da cachaça artesanal têm registrado índices de crescimento anual de negócios que variam de 20% a 30%. -
A alta nas vendas é motivada pela expansão do interesse na cana-de-açúcar para produção de álcool e pela melhoria da economia que leva antigos amantes da cachaça a realizarem o sonho de ter sua produção própria. Os mais arrojados já começam o negócio até pensando em exportar.
Mas aqueles que acreditam que basta o Alambique para montar uma linha de produção e chegar à cachaça engarrafada pronta para ser vendida estão muito enganados. Montar um negócio desses vai muito além do equipamento, que tem um modelo de cobre ainda como o preferido.
O Alambique é a peça mais importante, mas também são necessários diversos outros equipamentos.
O presidente da Associação Mineira dos produtores de Cachaça de Qualidade (Ampaq), Alexandre Wagner da Silva, observa que a produção da bebida artesanal cresce aos poucos. “É quase estável. A evolução do volume de registro de marcas na Ampaq, por exemplo, não passa dos 10% ao ano”, diz.
O presidente da Associação Mineira dos produtores de Cachaça de Qualidade (Ampaq), Alexandre Wagner da Silva, observa que a produção -
da bebida artesanal cresce aos poucos. É quase estável. Linha de montagem da D & R Alambiques , de onde saem de 10 a 15 unidades de produção de cachaça por mês.
A evolução do volume de registro de marcas na Ampaq, por exemplo, não passa dos 10% ao ano”, diz.
Mas ele observa que muitos brasileiros estão investindo no negócio cachaça, nos últimos meses. “A bebida ganhou charme e status. E há os que ficam motivados pelas notícias de exportação, outros que acham que é um mercado virgem e pouco explorado. Esses estão comprando os Alambiques e esquentando essas vendas desses equipamentos . Ms produzir cachaça não é simples e quem mais exporta são as indústrias e não os produtores artesanais”, avalia.
Para Alexandre Wagner, os novos investidores têm de apostar no negócio com mais cuidado, para não correr riscos. Ele lembra ainda que os tributos são altos e que são extensas as exigências para o registro do produto. “Só de IPI (Imposto sobre Produção Industrial) pagamos R$ 2,23 por garrafa, e governo ainda quer aumentar essa taxa”, alerta. -
A cana-de-açúcar, elemento básico para a obtenção, através da fermentação, de vários tipos de álcool, entre eles o etílico. É uma planta pertencente à família das gramíneas (Saccharum officinarum) originária da Ásia, onde teve registrado seu cultivo desde os tempos mais remotos da História.
Os primeiros relatos sobre a fermentação vem dos egípcios antigos. Curam várias moléstias, inalando vapor de líquidos aromatizados e fermentados, absorvido diretamente do bico de uma chaleira, num ambiente fechado.
Os gregos registram o processo de obtenção da ácqua ardens. A Água que pega fogo - água ardente (Al Kuhu).
A água ardente vai para as mãos dos Alquimistas que atribuem a ela propriedades místico-medicinais. Se transforma em água da vida. A Eau de Vie é receitada como elixir da longevidade.
A aguardente então vai para da Europa para o Oriente Médio, pela força da expansão do Império Romano. São os árabes que descobrem os equipamentos para a destilação, semelhantes aos que conhecemos hoje.
Êles não usam a palavra Al kuhu e sim Al raga, originando o nome da mais popular aguardente da Península Sul da Ásia: Arak.
Uma aguardente misturada com licores de anis e degustada com água.
A tecnologia de produção espalha-se pelo velho e novo mundo. Na Itália, o destilado de uva fica conhecido como Grappa. Em terras Germânicas, se destila a partir da cereja, o kirsch. Na Escócia fica popular o Whisky, destilado da cevada sacarificada. -
No extremo Oriente, a aguardente serve para esquentar o frio das populações que não fabricam o Vinho de Uva. Na Rússia a Vodka, de centeio. Na China e Japão, o Sakê, de arroz.
Portugal também absorve a tecnologia dos árabes e destila a partir do bagaço de uva, a Bagaceira
Os portugueses, motivados pelas conquistas espanholas no Novo Mundo, lançam-se ao mar. Na vontade da exploração e na tentativa de tomar posse das terras descobertas no lado oeste do Tratado de Tordesilhas, Portugal traz ao Brasil a Cana de Açúcar, vindas do sul da Ásia. Assim surgem na nova colônia portuguesa, os primeiros núcleos de povoamento e agricultura.
Os primeiros colonizadores que vieram para o Brasil, apreciavam a Bagaceira Portuguesa e o Vinho d'Oporto. Assim como a alimentação, toda a bebida era trazida da Corte. Num engenho da Capitania de São Vicente, entre 1532 e 1548, descobrem o vinho de cana de açúcar - Garapa Azeda, que fica ao relento em cochos de madeiras para os animais, vinda dos tachos de rapadura. É uma bebida limpa, em comparação com o Cauim - vinho produzido pelos índios, no qual todos cospem num enorme caldeirão de barro para ajudar na fermentação do milho, acredita-se. Os Senhores de Engenho passam a servir o tal caldo, denominado Cagaça, para os escravos. Daí é um pulo para destilar a Cagaça, nascendo aí a Cachaça.
Dos meados do Século XVI até metade do Século XVII as "casas de cozer méis", como está registrado, se multiplicam nos engenhos. A Cachaça torna-se moeda corrente para compra de escravos na África. Alguns engenhos passam a dividir a atenção entre o açúcar e a Cachaça. -
A descoberta de ouro nas Minas Gerais, traz uma grande população, vinda de todos os cantos do país, que constrói cidades sobre as montanhas frias da Serra do Espinhaço. A Cachaça ameniza a temperatura.
Incomodada com a queda do comércio da Bagaceira e do vinho portugueses na colônia e alegando que a bebida brasileira prejudica a retirada do ouro das minas, a Corte proíbe várias vezes a produção, comercialização e até o consumo da Cachaça.
Sem resultados, a Metrópole portuguesa resolve taxar o destilado. Em 1756 a Aguardente de Cana de Açúcar foi um dos gêneros que mais contribuíram com impostos voltados para a reconstrução de Lisboa, abatida por um grande terremoto em 1755.
Para a Cachaça são criados vários impostos conhecidos como subsídios, como o literário, para manter as faculdades da Corte.
Como símbolo dos Ideais de Liberdade, a Cachaça percorre as bocas dos Inconfidentes e da população que apoia a Conjuração Mineira. A Aguardente da Terra se transforma no símbolo de resistência à dominação portuguesa.
Com o passar dos tempos melhoram-se as técnicas de produção. A Cachaça é apreciada por todos. É consumida em banquetes palacianos e misturada ao gengibre e outros ingredientes, nas festas religiosas portuguesas - o famoso Quentão.
No século passado instala-se, com a economia cafeeira, a abolição da escravatura e o início da república, um grande e largo preconceito a tudo que fosse relativo ao Brasil. A moda é européia e a cachaça é deixada um pouco de lado
Em 1922, a Semana da Arte Moderna, vem resgatar a brasilidade. No decorrer do nosso século, o samba é resgatado. Vira o carnaval. Nestas -
últimas décadas a feijoada é valorizada como comida brasileira especial e a Cachaça ainda tenta desfazer preconceitos e continuar no caminho da apuração de sua qualidade.
Hoje, várias marcas de alta qualidade figuram no comércio nacional e internacional e estão presentes nos melhores restaurantes e adegas residenciais pelo Brasil e pelo mundo
História da Cachaça
A palavra cachaça é de origem polêmica.
Algumas versões dadas por pesquisadores:
Do castelhano CACHAZA, vinho que era feito de borra de uva
Da aguardente, que era usada para amaciar a carne de porco (CACHAÇO)
Da grapa azeda, tomada pelos escravos e chamada por eles de cagaça
A cachaça é genuinamente nacional. Sua história remonta ao tempo da escravidão quando os escravos trabalhavam na produção do açúcar da cana de açúcar. O método já era conhecido e consistia em se moer a cana, ferver o caldo obtido e, em seguida deixá-lo esfriar em fôrmas, obtendo a rapadura, com a qual adoçavam as bebidas.
Ocorre que, por vezes, o caldo desandava e fermentava, dando origem a um produto que se denominava cagaça e era jogado fora, pois não prestava para adoçar. Alguns escravos tomavam esta beberagem e, com isso, trabalhavam mais entusiasmados.
Os senhores de engenho por vezes estimulavam aos seus escravos, mas a corte portuguesa, vendo nisto uma forma de rebelião, proibia que a referida bebida fosse dada aos negros, temendo um levante. -
Com o tempo esta bebida foi aperfeiçoada, passando a ser filtrada e depois destilada, sendo muito apreciada em épocas de frio. O processo de fermentação com fubá de milho remonta aos primórdios do nascimento da cachaça e permanece até hoje com a maior parte dos produtores artesanais.
Existem atualmente pesquisas de fermentação com diversos produtos denominados enzimas que, aos poucos, estão substituindo o processo antigo.
A cachaça sempre viveu na clandestinidade, sendo consumida principalmente por pessoas de baixa renda e, por isto, sua imagem ficou associada a produto de má qualidade. Mas atualmente ela ascendeu a níveis nunca antes sonhados e hoje é uma bebida respeitada e apreciada mundialmente, já tendo conquistado a preferência de pessoas de alta classe e sendo servida em encontros políticos internacionais e eventos de toda espécie pelo mundo afora.
Cronologia
Primórdios do XVI
O caldo era apenas consumido pelos escravos, para que ficassem mais dóceis ou para curá-los da depressão causada pela saudade de sua terra (banzo).
Como a carne de porco era dura, usava-se a aguardente para amolecê-la. Daí o nome “Cachaça”, já que os porcos criados soltos eram chamados de “cachaços”.
O apelido “Pinga” veio porque o líquido “pingava” do alambique.
2ª metade do Século XVI
Passou a ser produzida em alambiques de barro, depois de cobre, como aguardente. -
Século XVII
Com o aprimoramento da produção, passou a atrair consumidores. Começou a ter importância econômica e valor de moeda corrente.
Ano de 1635
Contrariado com a desvalorização de sua bebida típica, a Bagaceira, produzida do bagaço da uva, Portugal proibiu a fabricação da Cachaça e seu consumo na colônia brasileira.
Menos da metade do Século XVII
A retaliação à Cachaça provou o nacionalismo brasileiro, levando o povo a boicotar o vinho Português.
Final do Século
Portugal recuou quanto à decisão de proibir o consumo da Cachaça brasileira e decidiu apenas taxar o destilado.
Ano de 1756
A aguardente da cana-de-açúcar era um dos gêneros que mais contribuía para a reconstrução de Lisboa, abalada por terremoto em 1755.
Ano de 1789
A Cachaça virou símbolo da resistência ao domínio português. O último pedido de Tiradentes: “Molhem a minha goela com cachaça da terra”.
Inicio do Século XIX
Com as técnicas de produção aprimoradas, a Cachaça passou a ser muito apreciada. Era consumida em banquetes palacianos e misturada a outros ingredientes, como gengibre, o famoso Quentão. -
Depois da metade do Século XIX
Com a economia cafeeira, abolição da escravatura e início da República, um largo preconceito se criou frente a tudo que fosse brasileiro, prevalecendo à moda da Europa. A Cachaça estava em baixa.
Ano de 1922
A Semana da Arte Moderna resgatou a nacionalidade brasileira. A Cachaça ainda tentava se desfazer dos preconceitos e continuava a apurar sua qualidade.
Depois da metade do Século XX
A Cachaça teve influência na vida artística nacional, com a “cultura de botequim” e a boemia. Passou a ser servida como bebida brasileira oficial nas embaixadas, eventos comerciais e vôos internacionais. A França tentou registrar a marca Cachaça, assim como o Japão tentou a marca Assai.
Século XXI
A Cachaça está consagrada como brasileiríssima, é apreciada em diversos cantos do mundo e representa nossa cultura, como a feijoada e o futebol.
Em alguns países da Europa, principalmente a Alemanha, a Caipirinha de Cachaça é muito mais consumida que o tradicional Scott.
A produção brasileira de Cachaça já ultrapassa os 1,3 bilhões de litros e apenas 0,40% são exportados.
A industrialização da Cachaça emprega atualmente no Brasil mais de 450 mil pessoas. O Decreto 4.702 assinado em 2002 pelo presidente FHC, declara ser a Cachaça um destilado de origem nacional.
A Cachaça é original do Brasil!
Cachaça, Aguardente e Pinga
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Etimologia da Palavra Cachaça
A origem do nome cachaça, provavelmente, deve ser espanhola. Mas a palavra nunca pegou na Península Ibérica. Ela foi escrita algumas vezes como sinônimo da milenar bagaceira, feita das borras da uva, mas nunca na nossa acepção e com a nossa sede. O termo cachaça chega até nós pelos portugueses, junto com os alambiques, as primeiras destilações.
A primeira referência literária, livresca, que Câmara Cascudo (1991) encontrou (portanto, de que se tem notícia), está na Carta-II de Sá de Miranda (1481-1558) ao seu "amigo e comensal, Antônio Pereira, o Marramaque, senhor de Basto", quando o primeiro provou dacachaça na Quinta da Tapada, em Celorico de Basto, no Minho, de propriedade do segundo.
Cantavam os versos:
Ali não mordia a graça
Eram iguais os juízes;
Não vinha nada da praça,
Ali, da vossa cachaça!
Ali, das vossas perdizes!
Certamente, não era a aguardente da cana-de-açúcar, mas a bagaceira. Porém, Nicolau Lanckman, em 1451, viu a cana-de-açúcar "ao redor de Coimbra". Depois, em 1525, Gil Vicente registrou "vales para açafrão e canas açucaradas" em sítios da Beira. Na verdade, na Península, não se empregava o termo cachaça, visto como uma palavra quase vulgar e rara para designar a bagaceira.
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Capítulos
- Alambique;
- História da Cachaça;
- Produção da Cachaça;
- Tipos de Cachaç