Curso Online de O Desenvolvimento cerebral da criança (Neuropsicologia)
O conteúdo deste curso esta altamente completo e atualizado. A neuropsicologia vei para nós abrir um leque de conhecimentos fisiológicos ...
Continue lendoAutor(a): Carmilene Patrizía Mascarenhas Rocha
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O DESENVOLVIMENTO CEREBRAL
DA CRIANÇA
(Neuropsicologia) -
A neuropsicologia ou neurociência cognitiva pode ser definida como a ciência
que investiga a relação sistema nervoso, comportamento e cognição. Suas raízes
são milenares, mas foi apenas no século XIX que o paradigma materialista
emergente propôs-se a explicar a origem da mente e sua relação com o corpo a
partir do conhecimento sobre o desenvolvimento filogenético e ontogenético.
(PINHEIRO, 2005/2006, p.5). -
Entre os profissionais interessados pela neuropsicologia, destacam-se os
educadores cujo objeto de investigação é o processo ensino-aprendizagem.
Inicialmente, tal interesse estava relacionado à compreensão do não aprender da
criança; dificuldades e distúrbios de aprendizagem eram entendidos como
resultantes apenas de causas orgânicas e os alunos eram percebidos como doentes
ou pacientes. -
Esta teoria biológica (orgânica, física e/ou mental) foi posteriormente substituída
pela ambiental (empírica), que admitia que a aprendizagem era sempre determinada
pelos fatores do meio (estímulos adequados ou não, recebidos no âmbito familiar,
escolar ou social maior).Em ambos os casos, a crença reducionista biológica ou cultural levava o
educador a aceitar a dissociação mente-corpo, defendendo a idéia de que a
aprendizagem ocorria na mente da criança e que esta não tinha nada a ver com o
seu corpo. -
Atualmente, nenhum educador sério deixa de considerar a participação tanto da
herança biológica (genótipo) quanto da herança sócio-histórico-cultural (ambiente;
meio ambiente) na determinação de características físicas e comportamentais, entre
elas a inteligência, de seus alunos. Neste contexto, entende-se como indispensável
ao educador o estudo das bases neurais da aprendizagem. -
DESENVOLVIMENTO HUMANO – CONCEPÇÕES TEÓRICAS
A idéia de que a vida inicia-se a partir da fecundação envolvendo a participação de células germinativas, masculina (espermatozóide) e feminina (ovócito II; o gameta feminino só se transforma em óvulo quando é fertilizado e, em decorrência, sofre a segunda divisão da meiose), data do século XIX.
Antes disso e por milhares de anos, a quase totalidade das pessoas acreditou que a vida iniciava-se ao nascimento e as explicações para o fato do porque os filhos se parecem mais com os pais do que com quaisquer membros do grupo a que pertencem baseavam-se na
hereditariedade (nature; natureza biológica) ou no ambiente (nurture; criação). -
Tais idéias distorcidas resultaram, entre outras, nas crenças da Herança do Sangue (os filhos se parecem com os pais porque recebem destes, via sangue, uma mistura de elementos) e da Herança do Sêmen (o sêmen possui a capacidade de dar vida ao novo ser; a mulher é um mero receptáculo onde se semeia o germe da vida), ambas inatistas2 ou inativistas, pois admitem que o indivíduo "já nasce pronto", podendo-se aprimorar um pouco aquilo que ele é ou inevitavelmente virá a ser, pois "o que é bom já nasce feito".
-
Estas concepções têm até hoje inúmeros adeptos, em grande parte por estarem todas referidas no Velho Testamento - Lv 17:10-14; Gn 17:9-14; Gn 30:35-41; a sua influência pode ser percebida facilmente no cotidiano através do uso de
expressões do tipo "está no sangue", "é a voz do sangue", "João é inteligente porque herdou a inteligência do pai e/ou da mãe", "filho de peixe peixinho é", entre outras. (PINHEIRO, 1995, p. 55). -
Ao lado dessas crenças, destaca-se uma concepção de desenvolvimento ambientalista (empirista) conhecida no âmbito da Biologia como Herança dos
Caracteres Adquiridos; esta em síntese admite que as condições a que os pais estão expostos ao longo da vida determinam as características da prole. John Locke
(1632-1704), John B. Watson (1878-1958), Edward L. Thorndike (1874-1949) e Burrhus F. Skinner (1904-1990), entre outros, são referidos como behavioristas
(comportamentalistas) porque admitiam que os processos de interação que se realizam entre as pessoas dependem da aprendizagem e nada têm a ver com o
desenvolvimento das estruturas biológicas. Em outras palavras, para os teóricos referidos, todo conhecimento provém da experiência, e por isso o indivíduo é
considerado um produto do meio. -
A superação da questão dualista nature-nurture, ocorrida no século XIX, resultou no reconhecimento da participação tanto dos fatores hereditários (denominados genes3, em 1910) quanto dos fatores ambientais (intra e extrauterinos)
na determinação das características físicas e comportamentais (normais e anormais) do ser humano, dando início ao paradigma interacionista. Assim, em
relação a um dado caráter, por exemplo, a inteligência, admite-se que ela resulta da interação dos genes herdados com o ambiente (intra e extra-uterino) em que a criança se desenvolve, ou seja, ninguém herda inteligência, que é um fenótipo, mas um conjunto gênico ou um genótipo. (PINHEIRO, 1996, p.45; RIDLEY, 2001, p.93-110). -
Cientes de que a vida inicia-se bem antes (cerca de 9 meses) do nascimento (à termo), os pesquisadores passaram a denominar este período de intra-uterino, dedicando-lhe intensas investigações científicas, o que resultou no conhecimento de uma série de eventos críticos que acontecem após a fecundação. Em relação ao
desenvolvimento cerebral da criança, admite-se atualmente que tais eventos se sucedem rapidamente até a constituição do indivíduo adulto; resumidamente, podese descrevê-los como se segue.
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