Curso Online de Engenharia econômica: decisão e investimentos
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- Engenharia econômica: decisão e investimentos
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Fundamentos de economia
e tipos de projetos de investimentos
Em março de 2014, o Periscope, um aplicativo para transmissões de vídeo, foi lançado nos Estados Unidos, e em quatro meses já tinha conquistado 10 milhões de usuários. Logo depois ele foi comprado pelo Twitter, que percebeu que essa ferramenta oferecia uma espécie de versão em vídeo do que eles faziam com suas mensagens em tem- po real (FRIEDMAN, 2016, p. 145).
Esse é um exemplo entre milhares de outros que estão acon- tecendo no mundo de hoje. Novos aplicativos para smartphones, medicamentos inteligentes para depressão, carros mais econômicos, máquinas que custam menos e produzem mais exemplificam um processo de crescimento inovador e de desenvolvimento econômi- co. O mais incrível disso tudo é que quando uma inovação surge no outro hemisfério do globo, rapidamente todas as pessoas do mundo tomam conhecimento dela na mesma velocidade em que foi criada. Chamamos isso de globalização ou planificação do mundo. Todos estão conectados, sejam franceses, norte-americanos, brasileiros ou chineses. Nada escapa nessa grande aldeia global.
No entanto, se esse processo de globalização é um fato, podemos afirmar que todos os países conseguem participar dessa profusão de produtos e serviços cada vez mais rápidos, melhores e mais baratos? A resposta a essa pergunta é não. Infelizmente a globalização requer que os países interessados em participar como atores centrais conhe- çam as políticas fiscal, monetária e de relações internacionais que promovem, juntas, o equilíbrio, o crescimento e o desenvolvimento -
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Engenharia econômica: decisão e investimentos
econômico , bem como compreendam de que forma as empresas se comportam num ambiente de incertezas e se ajustam a essa nova realidade competitiva no cenário internacional.
Diante disso, de um lado temos o contexto macroeconômico que, por suas políticas econômicas, procura promover o equilíbrio econômico e o crescimento, e, de outro, o desafio das empresas em face de um cenário em profunda transformação.
Nesse sentido, o objetivo deste capítulo é procurar compreender os principais fundamentos de um projeto de investimento e sua classificação no contexto de uma economia cada vez mais dinâmica e globalizada. Para tanto, o texto foi dividido em duas partes: na primeira, procura-se apresentar os fundamentos econômicos observando a importância do tripé macroeconômico, e, na segunda, discutir os principais tipos de projetos diante de um contexto de incertezas.1.1 Projeto de investimento: fundamentos econômicos
Um projeto de investimento pode ser definido como um conjun- to de informações que, quando reunidas, possibilitam uma tomada de decisão. Essa tomada de decisão está relacionada à alocação de recursos (FONSECA, 2012).
Decidir se é mais vantajoso aplicar determinada soma em di- nheiro na poupança ou construir uma montadora de aviões é uma das questões a serem discutidas em uma análise de investimento. Ou seja, quando nos deparamos com uma questão dessa natureza, o simples desejo de produzir, no caso, aviões, não está apenas li- mitado à soma do dinheiro, mas a algumas variáveis importantes quanto à decisão. -
Fundamentos de economia e tipos de projetos de investimentos
13Em 23 de março de 2009, Tata, uma divisão automotiva do con- glomerado de negócios indiano, lançou o Nano. Por pouco mais de
$ 1.000,00, o Nano foi, de longe, o carro mais barato do mundo.
A Tata colocou em prática a engenharia frugal, que “questionou cada
pressuposto tradicional da indústria para alcançar sua posição de custo extremamente baixo, usando projetos inteligentes, novos ma- teriais e parcerias com fornecedores. Súbita e drasticamente, o lan- çamento mudou o tamanho e a composição do mercado automotivo na Índia” (GOVINDARAJAN; TRIMBLE, 2012, p. 21).
Além de causar uma revolução no ambiente fabril e mercadoló- gico, a Tata conseguiu aproximar os indianos da classe média a um produto que jamais sonhariam em adquirir: um carro. Mas ainda assim havia um grande desafio: considerando o baixo nível de renda e o mercado externo de veículos, seria possível afirmar que os india- nos comprariam o Nano?
De fato, em que pese a renda do indiano médio ser baixa, houve boa demanda desse veículo na época, mas isso não foi suficiente para mantê-lo na fase do ciclo de expansão do produto (que veremos no segundo capítulo). Problemas de segurança e conforto reduziram drasticamente as vendas e os lucros. No entanto, as respostas que a Tata buscava estão certamente relacionadas a uma estratégia de in- vestimento realizada pela empresa, que precisou se preocupar com o aumento dos custos com o novo produto. Em termos de maximi- zação de lucro, quanto tempo a empresa precisaria esperar para ter retorno sobre esse novo investimento? Ela precisou pensar em qual seria a estratégia de preços para o Nano, considerando a reação dos concorrentes e a capacidade de compra dos indianos. Uma dessas medidas foi disponibilizar no mercado outras versões do carro, mais completas e um pouco mais caras.
engenharia frugal: tipo de inovação com base no processo
de redução de custos e recursos não essenciais de um bem
durável, como um carro ou telefone. -
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Nessa linha de pensamento, é preciso conhecer as variáveis que norteiam uma decisão de investimento, sejam elas relativas a uma empresa que deseja lançar um produto novo no mercado, como o Nano, seja a um empresário que deseja investir seu dinheiro na construção de uma nova indústria. Nesses termos, é correto afir- mar que a tomada de decisão quanto a um projeto de investimen- to passa necessariamente por duas análises: análise econômica e análise financeira.
Tendo isso em vista, na sequência deste capítulo trataremos da análise econômica, que pode ser dividida em três partes quanto ao estudo de um projeto de investimento: a análise microeconômica, a análise macroeconômica e análise da classificação dos projetos de investimento.1.2 Análise microeconômica: o conhecimento do mercado como ponto de partida
O mercado é definido por um conjunto de compradores e ven- dedores que interagem entre si, resultando em trocas. Ao mesmo tempo em que uma empresa é vendedora de um determinado pro- duto, ela também se qualifica como compradora, pois precisa da matéria-prima para a sua produção. Se isso é um fato, é preciso reconhecer que o mercado é formado por três atores: as pessoas, as empresas e o governo. Na mesma medida em que as pessoas e as famílias compram mercadorias, elas demandam serviços, e o Estado também o faz quando contrata serviços para a construção de uma nova estrada ou de uma ponte, por exemplo. Por sua vez, quando a estrada está pronta, o Estado oferta o serviço e cobra por esse servi- ço sob a forma de impostos e tarifas. -
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É nessa relação de comprar e vender serviços e produtos que se constitui o mercado. Todavia, para o estudo da decisão de proje- tos de investimento, é preciso reconhecer que, embora o mercado se configure por essas relações de troca, ele também se reveste de quatro estruturas básicas: o mercado competitivo, o monopólio, a concorrência monopolística e o oligopólio (MANKIW, 2014).
1.2.1 O mercado competitivo
Existem quatro características do mercado competitivo:
grande número de vendedores e compradores de mercado- rias, cada um deles tão pequeno que não pode afetar o preço do outro;
produtos homogêneos;
perfeita mobilidade de recursos;
consumidores e ofertantes que têm perfeito conhecimento dos preços e custos, presentes e futuros.
Nesse mercado (Figura 1), o preço de uma mercadoria é deter- minado exclusivamente pela interseção entre a curva de demanda e a curva de oferta do mercado. As empresas que estão nesse mercado são conhecidas como tomadoras de preços.
É importante conhecer essa estrutura de mercado para fazer uma análise de investimento e relacionar o retorno esperado pelo investidor. Note que, uma vez inseridos nesse mercado, os preços serão alinhados com os das outras empresas. Alinhados não signi- fica que sejam idênticos, mas muito próximos. Nesse sentido, a ex- pectativa de altos ganhos de retorno somente será alcançada com o alto volume de produção (economia de escala). Como exemplos de produtos desse mercado, temos leite, cereais, grãos, filtros de papel, posto de combustível etc. -
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Figura 1 O mercado competitivo e o encontro da oferta e da demanda
Preço
Quantidade
qe (quantidade de equilíbrio)
Equilíbrio
Oferta
Demanda
Pe
(Preço de equilíbrio)
0
Fonte: Elaborada pelo autor.
Temos, no eixo da abcissa (horizontal), as quantidades ofertadas e demandas num determinado período de tempo. Na ordenada (vertical), temos os níveis de preço.
Nesse mercado, o livre jogo da oferta e da demanda determina os níveis de preços. Por exemplo, se houver uma expansão da demanda de determinado produto nesse mercado, e considerando a oferta constante, veremos um deslocamento da curva de demanda para cima e para a direita. Isso provocará um aumento no nível de preços, conforme a Figura 2. Um exemplo típico desse movimento foi o ocorrido em junho de 2018, quando a greve dos caminhoneiros pro- vocou um grande aumento da demanda por combustível, por conta do medo das pessoas em ficar sem combustível. O que vimos em todos os lugares foi a prática abusiva de preços no litro da gasolina.
Figura 2 O mercado competitivo: aumento do preço em função do
aumento da demanda
Quantidade
Equilíbrio
qe qe2
Demanda 1
Demanda 2
Oferta
Novo equilíbrio
Preço
Preço 2
Pe
0
Fonte: Elaborada pelo autor. -
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Por outro lado, se houver uma expansão da oferta, considerando a demanda constante, o que veremos será um deslocamento da cur- va de oferta para baixo e para direita, promovendo uma queda no nível de preços, como mostra a Figura 3:
Figura 3 O mercado competitivo: aumento do preço em função do
aumento da oferta
0
Quantidade
Equilíbrio
qe qe2
Demanda 1
Novo equilíbrio
Oferta 1
Oferta 2
Preço
Pe Pe 2
Fonte: Elaborada pelo autor.
Na Figura 3, observamos uma queda do nível de preços em face da expansão da oferta. No exemplo anteriormente citado, quando a greve dos caminhoneiros terminou e os postos de ga- solina voltaram com seus estoques de combustíveis, houve um aumento da oferta, fazendo com que os preços voltassem a níveis próximos da normalidade.
Por outro lado, o período de tempo no qual a oferta do merca- do, para certas mercadorias, é completamente fixado refere-se ao período de mercado ou a um prazo muito curto. Continuando com o mesmo exemplo do combustível, observamos que, em situação de normalidade, os postos do centro da cidade vendem o combustível pelo mesmo preço dos postos de combustível da periferia, mas em um período de tempo muito curto. Os postos da periferia até tentam conceder um desconto, mas rapidamente voltam a praticar o mesmo preço que os demais. Isso ocorre por uma razão muito simples: ha- verá um momento em que o desconto do combustível empurrará o -
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preço para muito próximo ao custo e, nesse caso, o posto começará a ter, em um primeiro momento, lucros muito baixos, e no segun- do momento terá prejuízo, voltando a considerar o preço praticado pelo mercado alinhado. Perceba que isso ocorre com muita frequên- cia nesse segmento de mercado, mas não raro num curtíssimo espa- ço de tempo.
1.2.2 Monopólio
De acordo com Varian (2015), o monopólio é um mercado no qual existe apenas um vendedor produzindo a mercadoria para a qual não há substituto próximo, mas muitos compradores.
Na qualidade de único produtor de um determinado produto, o monopolista encontra-se em uma posição única, pois se ele decidir elevar o preço do produto, não necessita se preocupar com concor- rentes (que estão cobrando preços menores), ou seja, o monopolista é o próprio mercado, tendo assim completo controle sobre a quanti- dade de produto que será colocado à venda.
Isso não significa, no entanto, que o monopolista possa cobrar um preço tão alto quanto deseja não deverá fazê-lo caso seu objetivo seja a maximização de lucros. Uma empresa de software, por exemplo, que tenha a patente sobre certo produto, é um caso de monopólio. Por que ela vende o software por R$ 100,00, se poderia vendê-lo por R$ 10.000,00? A resposta é simples: poucas pessoas poderiam comprá-lo a esse preço, e dessa forma a empresa teria um lucro muito mais baixo e, provavelmente, não haveria demanda (FONSECA, 2012).
Para poder maximizar lucros, o monopolista deve, em primeiro lugar, determinar as características da demanda de mercado e seus custos, informações cruciais para a tomada de decisão econômica por parte da empresa. Dispondo de tal conhecimento, o monopo- lista terá então que decidir qual quantidade produzirá e venderá, conforme a curva da demanda de mercado e, de modo equivalente, ele poderá determinar o preço. -
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Q1
Q2
B
A
Demanda
Custo total médio
Preço
Qmax
Os monopólios apresentam como característica central as bar- reiras à entrada, porque a maior parte dos investidores impede a en- trada de novos membros nesse grupo seleto. As principais barreiras encontradas são: investimentos elevados, tecnologia nem sempre disponível, altos investimentos em P&D, custos com mão de obra (muitas vezes, altamente especializada) etc.
A Figura 4 mostra o comportamento do monopólio. Em primei- ro lugar, é importante observar que no monopólio não há a curva de oferta como no mercado competitivo. Isso ocorre porque no merca- do competitivo a curva de oferta mostra a quantidade de produtos e serviços que as empresas decidem fornecer a qualquer preço dado, pois elas são, como vimos, tomadoras de preço. Por outro lado, o monopólio é um formador de preços e não tomador. Nesse caso, a empresa em monopólio determina o preço, assim como decide a quantidade a fornecer. Assim sendo, a decisão do monopólio acerca de quanto oferecer não pode ser separada da curva de demanda com que se depara (MANKIW, 2014).
Figura 4 Comportamento do monopólioCustos e receitas
Custo marginal
Receita marginal
Fonte: Elaborada pelo autor.Observamos no eixo horizontal (abcissa) as quantidades ofertadas pelo monopolista. No eixo vertical (ordenada), temos os custos e as receitas do monopolista.
Q1 quantidade menor oferecida.
Qmax quantidade máxima em que o monopolista aufere lucro.
Q2 quantidade maior que a máxima, na qual não haverá venda. Ex.: o preço do barril de petróleo nos anos 1970, que quadriplicou e para o qual não houve demanda. -
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Note que temos dois pontos no gráfico: o ponto A e o ponto B. O ponto A, mais baixo, nos mostra que a receita marginal do mono- polista é igual ao custo marginal. É nesse ponto que o monopolista maximiza seus lucros. Mas, para isso, ele utiliza a curva de demanda para determinar o preço capaz de induzir os consumidores a com- prar a quantidade no ponto B.
Um exemplo bastante interessante a esse respeito é um deter- minado medicamento produzido por um grande laboratório ame- ricano. Mesmo sabendo que ninguém pode produzir seu produto, pois o direito de patente assegura sua exclusividade, se o laboratório praticar o preço acima de B, ele terá dois problemas. O primeiro é que seus custos marginais não estarão em equilíbrio com sua receita marginal. O segundo problema é que a um determinado preço aci- ma disso, os consumidores não terão renda suficiente para comprar o medicamento, partindo então para um similar mais barato e que pode não ser tão eficiente mas, assim mesmo, não haverá saída para esse consumidor senão comprar a versão mais barata.
1.2.3 Concorrência monopolista
Um mercado monopolisticamente competitivo é semelhante ao perfeitamente competitivo, no qual existem muitas empresas e a en- trada de novas companhias não é limitada. Contudo, a concorrência monopolista difere-se da competição perfeita pelo fato de que na competição perfeita cada empresa vende uma marca ou versão de um produto, que se difere em termos de qualidade, aparência ou reputação, e cada empresa é a única produtora de sua própria marca. O poder de monopólio de uma empresa, nesse caso, dependerá do seu sucesso na diferenciação do seu produto em relação às demais empresas. Exemplos desses produtos são: creme dental, sabão em pó, refrigerantes, cervejas, sabonetes, xampus, desodorantes, produ- tos esportivos etc.
Em muitos segmentos de mercado, os produtos que as empresas fabricam são diferenciados entre si. O creme dental A, por exemplo,
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