Curso Online de Tecnologias aplicadas a sistemas de segurança
Plataformas, proteção de pessoas, processos de defesa digital, infraestruturas e até ações de hackers deixarão de ser um ?bicho de sete c...
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Utilização das TIC nos sistemas de segurança
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Saber o que realmente é tecnologia de informação e comuni- cação (TIC) no contexto da segurança é o motivo que torna os con- ceitos tratados neste capítulo tão importantes, principalmente no modo como esses conceitos se relacionam com a primeira palavra desse acrônimo: a tecnologia.
Por tratarmos de algo bastante abrangente, sem compreender a verdadeira importância da tecnologia, existe uma grande chance de você ser afetado pelos mesmos problemas que tornaram esse elemento um “bicho-papão”, que aterroriza pessoas, empresas, instituições, gestores e líderes.
Contudo, existe um caminho, que começa nas informações apresentadas agora e só pode ser percorrido se você as dominar. Desconhecê-lo significa continuar andando em uma cidade sem bússola. A primeira parte da nossa jornada fará com que você possa falar com propriedade sobre conceitos, história, influência e mudanças e até solucionar cenários completamente nublados em relação ao que envolve as TIC.
Ao final do capítulo, falaremos sobre uma das maiores falhas da história moderna, e que envolve os três termos dessa porção de nosso momento acadêmico: tecnologia, informação e comunicação.
Seja bem-vindo ao mundo das TIC e sua aplicação para a segu- rança pública e privada.1.1 Conceituando e compreendendo as TIC
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Tudo começa pela tecnologia. Quando tratamos das TIC, estamos falando de tudo que é utilizado para melhorar a vida dos seres huma- nos e tem uma correlação com o modo como é compartilhado todo o conhecimento relativo à sociedade, levando também em consideração -
1.1.1Tecnologia
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o que conecta as informações que chegam a cada indivíduo. Para facili- tar o entendimento, vamos agora dividir todo o conceito, decifrando o que significa cada uma das palavras.
A palavra tecnologia vem do grego techne associado ao termo logos. A primeira parte pode ser traduzida como técnica, ofício ou arte. Por- tanto, estamos falando daquilo que se realiza ou é colocado em prática por uma pessoa ou por grupos de pessoas. Já a segunda parte pode ser entendida como o estudo de alguma coisa ou os motivos ou as razões pelas quais compreendemos certos comportamentos.
Fica mais fácil compreender, então, que a tecnologia é, segundo Rodrigues (2001), a razão do saber fazer (apud VERASZTO et al., 2009). Por exemplo, se agora você está estudando utilizando o seu livro, com- putador, aparelho de celular, tablet ou a sua smart TV, podemos dizer que qualquer um desses materiais chegou a suas mãos por meio de um processo de pesquisa, juntando o alinhamento de ideias até o instante em que esses produtos tenham chegado à finalização da sua criação.
Se você está anotando parte do que está aprendendo usando um lá- pis ou uma caneta, também sabemos que esses objetos precisaram de um conhecimento anterior para que chegassem às prateleiras e pudes- sem ser comprados por você. Isso significa que a concepção de coisas relativamente simples do nosso cotidiano envolve a presença de um estudo aliado a uma técnica de confecção. Isso é a tecnologia.
Por outro lado, somos obrigados a dizer que se não há um estudo junto a uma técnica, essa tecnologia deixa de existir. O que precisamos entender com isso é: algo só pode ser compreendido como tecnologia se sua produção obedecer a esses dois elementos.1.1.1.1 Diferenças entre tecnologias
Cada área do conhecimento compreende tecnologia como aquilo que fará com que ela possa desenvolver as suas atividades de maneira adequada ou evolua, melhore e simplifique ações e processos. Para um químico, a tecnologia deve ser revestida de equipamentos, conhe- cimentos e outros elementos de trabalho para que seja possível pro- mover a transformação da matéria em algo útil para o propósito que -
foi planejado (um novo tipo de material de limpeza, por exemplo). Para um professor, a tecnologia estará concentrada nos materiais didáticos e de apoio, tais como projetor, giz, quadro, livros e demais itens que façam com que ele possa ensinar com qualidade.
Assim, é certo que a tecnologia ajuda a resolver problemas. Ob- servando por essa ótica, fica mais simples compreender que, como em nosso meio social existem problemas variados, é preciso existir tipos distintos de tecnologias, cada uma se ajustando à necessidade de determinado cenário.
Por isso, você já deve ter observado combinações como tecnologia médica, tecnologia espacial, tecnologia militar, entre muitas outras. Pelo mesmo motivo, você vai encontrar tecnologias diferentes em locais e gru- pos de pessoas distintos. Uma tecnologia desenvolvida para costurar rou- pas em uma comunidade russa pode não ser válida para o Brasil. Existe uma diferença climática nesse ponto do mundo que iniciou um movimen- to tecnológico para suprir a necessidade de enfiar agulha e linha em uma roupa de couro que seja mais espessa. Isso foi feito por conta das baixas temperaturas daquele país, realidade que não possuímos no Brasil.
Em um outro exemplo, lentes de óculos de sol desenvolvidas para a nossa exposição solar talvez não sejam as mais adequadas para fe- nômeno semelhante nas redondezas de Moscou. Então, mesmo que haja descobertas tecnológicas apropriadas em uma escala mundial, devemos estar certos e acostumados a lidar com tecnologias distintas.
Ao mesmo tempo que algumas tecnologias podem ser distintas, para problemas e realidades diferentes, outras podem servir para uma solução que seja comum a realidades semelhantes. Diferentemente de tecnologias relacionadas às condições climáticas, como exemplifica- mos, as TIC agregam componentes que englobam todas as sociedades: a informação e a comunicação. Por esse quesito, é possível enxergar o quão crucial é o assunto que tratamos, bem como a sua influência nos mais diversos tipos de comunidades, nacionais ou internacionais.
1.1.2Informação e comunicação
O mundo sempre funcionará com base na informação e na comu- nicação. Os dois termos se distinguem completamente. Falemos pri- meiro de dados, que são os elementos que, isoladamente, têm uma representação reconhecível.Utilização das TIC nos sistemas de segurança 11
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Você certamente sabe o que é um acento circunflexo, mas sozinho ele não consegue ter um significado. Também aprendemos a reco- nhecer a letra R em nosso alfabeto, correto? E podemos descrever um S cortado de cima abaixo como sendo o cifrão, símbolo do dinheiro; mas o que ele representa sem os números e vírgulas utilizados em descrições financeiras?
Quando juntamos essas representações a outras simbologias gráficas, que conhecemos como números, surge, então, a informação. Essa palavra vem do latim informatio, descrito como o ato de formar, de fabricar, e se concentra na quantidade de dados coletados sobre uma circunstância ou sobre uma pessoa, possuindo um significado para quem a visualiza.
Desde que o sujeito tenha sido alfabetizado, ao unir os símbolos que resultam na informação R$ 150,00, haverá a imediata percepção de que se trata de dinheiro; juntos, esses símbolos nos levam à compreensão de que essa informação significa cento e cinquenta reais. E agora? Acabou? Ainda não. Fora de contexto ainda não é possível fazer a comunicação.
A comunicação deve ser compreendida como o ato de comparti- lhar informações acerca de algo ou alguém com uma pessoa ou um grupo de pessoas, que deve compreender o conteúdo que lhe está sendo entregue. Esse conteúdo, independentemente de ser expres- so verbalmente, por sinais, por sons ou por qualquer outro meio, deve fazer sentido.
Expressões como mande um sinal de fumaça e exemplos como cin- co badaladas do sino de uma igreja, que indicam ser 5 ou 17 horas, representam bem o que significa a compreensão de uma mensagem
mesmo que não seja falada trocada entre emissor e receptor. Ocor- re que, diferentemente desses exemplos antigos e bastante rústicos, a comunicação passou por uma enorme alteração ao final dos anos 1930 e por toda a década de 1940. Nascia o que se caracterizou como a Terceira Revolução Industrial.
Também conhecida como revolução informacional, a Terceira Revo- lução Industrial teve seu maior impulso com as novas necessidades de comunicação após a Segunda Guerra Mundial. Das descobertas de no- vas ligas metálicas que trouxeram grandes avanços para as indústrias
a evoluções na eletrônica que impactaram na computação e certa- mente na comunicação a longas distâncias , esse período foi o divisor de águas da história moderna. -
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Alguns autores ainda apresentam como marcos dessa revolução a descoberta da utilização de energia nuclear do átomo, a automação por robôs, na década de 1970, e a entrada e ampla distribuição dos computadores pessoais, em nível mundial, a partir dos anos 1990. O diferencial, independentemente de possíveis discordâncias, continua sendo o volume de informações que passara a ser distribuído unido à qualidade e rapidez da comunicação, que passara a transitar tendo como único intermediário os diversos canais tecnológicos disponíveis.
Com as informações apresentadas até aqui, depreendemos que a tecnologia é o estudo de uma técnica e a informação é um dado que precisa ter significado e ser reconhecido, e lembramos, por fim, que para haver comunicação é necessário que a informação recebida seja compreendida por quem a recebe.
Com esses princípios, podemos dizer, resumidamente, que as TIC podem ser definidas como os meios técnicos disponíveis para tratar a informação e melhorar a comunicação. Nos diferentes períodos da história, os meios técnicos que foram desenvolvidos hardwares, softwares, automações modelaram comporta-
mentos e promoveram a ressignificação de comu- nidades inteiras.
Inicialmente, o que acreditamos hoje serem tecnologias simples foram muito importantes para alcançarmos o que somos enquanto comunidade. Uma das primeiras e mais relevantes TIC que po- demos citar é o telefone, que conseguiu transmitir a voz através da eletricidade, ainda no final dos anos 1800. O rádio chegou logo na sequência, em 1984, e proporcionou uma comunicação direta, sem fios e a longas distâncias, mesmo que conti- nuasse trazendo apenas elementos de sons e vo- zes. Com o rádio, milhares de pessoas recebiam a informação simultaneamente. Era a comunicação em massa, que, a partir de então, dava novos con- tornos à informação.
Por fim, a TV, na década de 1950, cumpriu o im- portante papel de oferecer as imagens, imprimindo o dinamismo do movimento à qualidade da infor-
“Sr. Watson, venha aqui. Preciso falar com você”. Essa foi a primeira frase dita por meio
de um telefone, em 1876. Quem fez a ligação de um cômodo a outro foi Graham Bell, o inven- tor do aparelho. Do outro lado
da linha, estava Thomas Watson, seu auxiliar, que participou de todo o processo de construção do primeiro protótipo.
Curiosidade
Figura 1
Nikolai Tesla, o inventor do rádio.
Wikimedia Commons -
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mação que se desejava prestar. Emoções passaram a ser vistas e, nesse momento, agregou-se o aspecto testemunhal a situações cotidianas, originado por meio de transmissões gravadas ou ao vivo.
Mas você deve estar se perguntando: “ok, tudo bem, mas isso é coi- sa do passado. Qual a relação de tudo isso com o mundo atual? A nova onda dessa revolução industrial é outra. Onde ela aparece no mundo atual e moderno?”. Você está certo. Essas perguntas serão respondidas a seguir, ao tratarmos do impacto do mundo moderno e, em especial, digital, que torna as nossas vidas tão influenciadas pela informação e pela comunicação. Temos que falar das tecnologias digitais da informa- ção e da comunicação (TDIC).
1.1.3Diferenciando TIC e TDIC
Ao abordarmos o mundo digital, surge um novo conceito, o das tecnologias digitais da informação e da comunicação. As TIC, por não serem codificadas em dígitos, vão até o momento em que tratamos de algo que atua e faz uma interface junto aos processos informacionais e de comunicação entre as pessoas. Recebemos essas informações por jornais, telefone, rádio e televisão.
Já as TDIC se diferenciam de sua “irmã mais velha” no momento em que trazem em seu funcionamento mídias diferentes, que, juntas e se valendo de tecnologia digital, processam diversas informações e dados disponíveis acessando o que já está armazenado na forma de códigos numéricos, entregando-nos um conteúdo já pronto, trabalhado pelos programas. Aparelhos de telefone celular, tablets e projetores multimí- dia são alguns dos exemplos que estão no nosso dia a dia.
Para o contexto da segurança, é importante compreender e diferen- ciar esses dois tipos de tecnologia, pois essa mudança tem relação dire- ta com os resultados que hoje são empregados na proteção de bens e pessoas. As TIC nos traziam equipamentos que funcionavam por meio da decodificação de sinais de áudio e vídeo oriundos de pulsos elétri- cos, portanto são consideradas analógicas. Era comum que todos fa- lassem das tais interferências, que prejudicavam a chegada “limpa” de sons e imagens.
As TDIC, por outro lado, trazem as informações decodificadas sem interferência nos sinais, com melhor qualidade, impedindo que haja dúvida entre o que é informado e o que é entregue ao destinatário
Como arranhões em pe- dras da antiga Mesopo- tâmia influenciaram sua informação e comuni- cação com pessoas de todo o mundo? Quando a informação, a comuni- cação e a tecnologia se tornaram o verdadeiro poder de transformação mundial? Conheça a impressionante história que rascunhou o que temos de mais moderno hoje no vídeo A história da comunicação, da série Ordem e Desordem, publicado pelo canal DocumentariosCiencia.
Disponível em: https://youtu.be/ ppNCQ5cC5uA. Acesso em: 26 jun. 2020.
Vídeo -
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desses dados. Além disso, a velocidade de chegada e a quantidade de informações repassadas é muito maior, possibilitando aumentar os re- sultados de quem as utiliza.
A linguagem binária, composta pelos dígitos 0 e 1, portanto di- gital, altera comportamentos ao reduzir o tempo que levávamos para receber o que é de nosso interesse. Mais à frente, compreen- deremos que uma segurança efetiva depende de uma informação que chegue de maneira rápida e sem erros ou distorções. Essa di- ferença qualitativa, por si só, é um aliado de peso para o que dese- jamos entregar a quem necessita de proteção.
1.2 TIC, antropologia e cultura
aplicadas à segurança pública
Vídeo
É muito bom que você tenha vindo até aqui, e saiba que você agora é alguém que sabe definir TIC e TDIC. Simples? Talvez sim. Esse pon- to conceitual é necessário para a sua próxima pergunta: “se eu já sei os conceitos e também o que pode ser uma das partes principais do curso, onde entra essa tal antropologia?”. Você e muitos outros alunos fazem o mesmo questionamento.
É possível, ainda, acrescentar à sua interrogação o seguinte: se já sabemos que a tecnologia é a aplicação prática do conhecimento cien- tífico, para que ou para quem exercemos essa prática? Pois é. Viu aí? É necessário que alguém ou alguma coisa seja o beneficiado com a apli- cação desse conhecimento, e, em uma priorização, o alguém ou seja, pessoas tem mais importância do que coisas e objetos. Portanto, é preciso compreender como essas pessoas são e se comportam para que a solução que lhes será entregue seja útil e de valor.
Vamos ser mais práticos. Todos já tivemos nossos cinco, seis, sete anos de idade. Você se lembra disso? Lembra-se das festas de aniversário e da expectativa de ganhar presentes? Aquele momento mágico em que há na sua frente um embrulho e você, ansioso, rasga o pacote rápido, com a ânsia que envolve a visão do que você tanto aguardava, e percebe que o embru- lho guardava um conjunto de bermuda e camiseta. Bermuda e camiseta.
Você achou fantástico o presente, não foi? Não sabemos qual a lem- brança que lhe veio desse momento, mas 99,9% dos alunos têm mesma -
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reação: “qual criança dessa idade gosta de ganhar roupas de presen- te?”. Pronto. Nesse momento, acabamos de perceber que a pessoa que lhe presenteou ou nunca foi criança ou não lhe conhece e tentou não errar em relação ao que você utilizaria e às vezes o “conjuntinho do mal” vem três números acima.
O tal presente pode até ter agradado à sua mãe, que vai dizer: “nossa, você estava realmente precisando dessas roupas. A cor ficou ótima!”. O que ocorre é que sabemos da frustração presente no seu âmago. Esse é o truque mais velho e o golpe mais baixo quando não queremos ficar mal com a família, mas todo mundo sabe que foi ex- tremamente genérica essa busca pelo presente. É exatamente aí que o paralelo será feito para que saibamos construir uma ponte entre a antropologia e a segurança.
Segundo Siqueira (2006, p. 17), a antropologia pode ser definida
como
o estudo do homem buscando um enfoque totalizador que inte- gre os aspectos culturais e biológicos no presente e no passado, focalizando as relações entre o homem e o meio, entre o homem e a cultura e entre o homem com o homem.
Vamos focar nossos esforços na antropologia social ou cultural. Não que os outros campos de estudo antropológicos não sejam importan- tes, mas a escolha feita se dá por envolver em maior proporção os va- lores carregados pelos cidadãos enquanto seres pertencentes a uma sociedade e que se relacionam com ela.
Deixar de considerar essas relações e sua conexão com a seguran- ça é o mesmo que se comportar como o parente que traz o indeseja- do presente: podemos até entregar algo que supra certa necessidade, mas não será útil a quem recebe e precisa ser contemplado com algo que realmente lhe seja agradável aos olhos e às expectativas. Da mes- ma forma que temos o aniversário, que só ocorre uma vez por ano, a segurança não é algo que podemos nos dar ao luxo de perder a opor- tunidade de acertar.
As escolas inglesa e norte-americana definem os termos social e cultural emprestados à antropologia. Enquanto na Inglaterra os es- tudiosos se debruçavam nas relações sociais, nos Estados Unidos as relações culturais eram mais valorizadas. Contudo, ambas as escolas tratam das conexões entre os indivíduos em sociedade. Essa percep- -
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ção, uma vez que busca a verdadeira compreensão do que determinam os comportamentos entre as pessoas, é o que permite fazer entregas de qualidade ao modelar soluções de segurança que se encaixem em uma comunidade que delas necessite. Isso nos afasta cada vez mais de cometer os mesmos erros do nosso parente presenteador.
Não compreender isso significa aplicar a tecnologia de modo equi- vocado. Significa deixar de agregar o que precisou ser coletado para que construíssemos respostas e resultados adequados ao tipo de se- gurança a ser implementada em determinado ecossistema. A ausência dessa informação e dessa etapa de aplicação do que é a antropologia, presente em métodos e abordagens científicas, inviabilizaria entregas customizadas e trabalhos a serem produzidos.
Deixaríamos, dessa maneira, de adequar o que é necessário para a resolução de quesitos conectados à TIC para a observação, a elabora- ção do problema e as futuras hipóteses que nos levariam a conclusões necessárias quando da implementação dessas tecnologias para a segu- rança pública e privada. O que deve ficar claro é que, sem conhecer as relações entre as pessoas que compõem certa comunidade, não é crível que se faça entregas de qualidade a quem necessite promover a apli- cação das TIC em segurança, a qualquer tempo e em qualquer espaço.
1.2.1TIC e cultura
Da mesma maneira, a falta dessa postura de investigação e conhe- cimento sobre a cultura, em relação ao grupo a ser contemplado com o que será entregue, também pode gerar equívocos graves ou, em me- nor proporção, erros referentes a investimentos. Falhas assim pode- riam ser apresentadas ao replicarmos, sem coleta de dados e posterior avaliação, uma mesma solução tecnológica para comunidades com problemas completamente distintos. Por um outro viés, você já imagi- nou poder gastar muito menos utilizando uma solução já empregada em outro lugar com necessidades semelhantes?
Imagine uma tecnologia como aquelas placas luminosas que ficam ao longo das vias e nos relembram a velocidade limite que deve ser respeitada. Isso é uma tecnologia criada para otimizar a segurança das pessoas. Mas você acha ser possível empregar essas mesmas TIC, relati- vas ao trânsito do centro de São Paulo que tem massa de veículos au- -
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tomotores enorme em comunidades que vivam às margens de rios no norte do Brasil, as quais usam barcos como transporte predominante?
Mesmo que quiséssemos fazer alguma adaptação nesses painéis, infelizmente não nos seria permitido utilizar essa solução tecnológi- ca. Um ambiente é completamente urbanizado e cheio de pessoas; o outro, pela malha fluvial que a região utiliza, traz uma concentra- ção menor de pessoas e particularidades de circulação e locomoção diametralmente opostas, que não sofrerão alterações em algumas centenas de anos.
E se falarmos de um drone de vigilância que possa ser utilizado nos Lençóis Maranhenses e na praia de Copacabana? Existe semelhança e conexão para utilização desse tipo de tecnologia nos dois espaços? Nesse exemplo, sim. Afinal, os dois lugares têm aspectos de interesse
turismo, sol, areia etc. O drone poderia ser utilizado muito bem por salva-vidas de ambos os espaços.
É claro que simplificamos os exemplos para suavizar o processo de entendimento, mas há outros itens mais delicados e em grupos sociais diferentes que merecem atenção detalhada. De elementos como a idade a ser coletada à comportamentos predominantes do grupo avaliado, essa pesquisa não pode deixar de ser feita. Vamos a algo mais complexo.
Imagine se, antes da implantação de uma solução tecnológica em uma área comercial, deixássemos de observar as diferenças relativas ao que seria necessário para prover mais segurança a uma área onde ficam bares e boates e a uma que concentra lojas e centros comerciais? A primeira, predominantemente, tem movimentação noturna; a se- gunda, movimentação diurna. As mercadorias entregues também têm valores de comercialização diferentes, sendo bastante possível que a circulação de valores em dinheiro seja distinta.
Viu o quanto isso pode interferir na implantação de uma solução? Percebeu a necessidade de um estudo que sirva para avaliação ou dis- tinção das diferentes comunidades e das suas relações sociais? Por isso, é muito importante fazer uma abordagem antropológica antes da aplicação de tecnologias de informação e comunicação.
Qualquer projeto original, ou correção a ser implementada, pre- cisa estar equilibrado e combinar com as características da popula- ção avaliada e do grupo que realizará a segurança e com a interação
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