Curso Online de A Ascensão e o Desenvolvimento Chinês
Analise do desenvolvimento econômico e ascensão internacional da China com base no texto MEDEIROS, Carlos Aguiar. China: desenvolvimento ...
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TEMA: A ASCENSÃO E O DESENVOLVIMENTO CHINÊS
TEMA: A ASCENSÃO E O DESENVOLVIMENTO CHINÊS
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SUBTEMA: Desenvolvimento Econômico e Ascensão Internacional
SUBTEMA: Desenvolvimento Econômico e Ascensão Internacional
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Texto-base: MEDEIROS, Carlos Aguiar. China: desenvolvimento econômico e ascensão internacional In: Conferência Nacional de Política Externa e Política Interna – III CNPEPI. O Brasil no mundo que vem aí. Seminário China. Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, 2008.
Texto-base: MEDEIROS, Carlos Aguiar. China: desenvolvimento econômico e ascensão internacional In: Conferência Nacional de Política Externa e Política Interna – III CNPEPI. O Brasil no mundo que vem aí. Seminário China. Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, 2008.
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Introdução:
Introdução:
Deng Xiaoping e a estratégia de modernização;
Os cinco desafios principais ao desenvolvimento chinês.
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Primeiro desafio: Crescimento econômico e progresso técnico
Primeiro desafio: Crescimento econômico e progresso técnico
Perspectivas de crescimento;
Elevação salarial e competitividade;
Desenvolvimento tecnológico e capacitação da mão-de-obra.
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Segundo desafio: Concentração de renda e tensões sociais
Segundo desafio: Concentração de renda e tensões sociais
De uma distribuição igualitária à concentração decorrente da industrialização
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Terceiro desafio: Regionalização Asiática
Terceiro desafio: Regionalização Asiática
A ASEAN e a ASEAN+3;
A importância geopolítica do Sudeste Asiático para a China.
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Quarto desafio: A questão energética
Quarto desafio: A questão energética
Petróleo e gás: vulnerabilidade chinesa a um estrangulamento energético.
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Quinto desafio: Dilemas da ascensão pacífica
Quinto desafio: Dilemas da ascensão pacífica
Dilema de segurança da potência emergente.
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Conclusão
Conclusão
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Introdução: A China, um país de cultura milenar que por muito tempo foi a civilização mais avançada em tecnologia, mas que acabou sendo ultrapassada pelo Ocidente, vem tentando retomar seu desenvolvimento tecnológico e seu crescimento econômico. MOKYR Apud CASTELLS, 2005, p. 45-46.
Introdução: A China, um país de cultura milenar que por muito tempo foi a civilização mais avançada em tecnologia, mas que acabou sendo ultrapassada pelo Ocidente, vem tentando retomar seu desenvolvimento tecnológico e seu crescimento econômico. MOKYR Apud CASTELLS, 2005, p. 45-46.
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- TEMA: A ASCENSÃO E O DESENVOLVIMENTO CHINÊS
- SUBTEMA: Desenvolvimento Econômico e Ascensão Internacional
- Texto-base: MEDEIROS, Carlos Aguiar. China: desenvolvimento econômico e ascensão internacional In: Conferência Nacional de Política Externa e Política Interna – III CNPEPI. O Brasil no mundo que vem aí. Seminário China. Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, 2008.
- Introdução:
- Primeiro desafio: Crescimento econômico e progresso técnico
- Segundo desafio: Concentração de renda e tensões sociais
- Terceiro desafio: Regionalização Asiática
- Quarto desafio: A questão energética
- Quinto desafio: Dilemas da ascensão pacífica
- Conclusão
- Introdução: A China, um país de cultura milenar que por muito tempo foi a civilização mais avançada em tecnologia, mas que acabou sendo ultrapassada pelo Ocidente, vem tentando retomar seu desenvolvimento tecnológico e seu crescimento econômico. MOKYR Apud CASTELLS, 2005, p. 45-46.
- Em 2010, a China tornou-se o maior exportador mundial e seus esforços têm se voltado para atender necessidades estratégicas que garantam sua ascensão pacífica, sem prejudicar sua capacidade de defesa.
- A China se constitui como país socialista em 1949, após o fim da Guerra Civil Chinesa, quando o Partido Comunista Chinês toma a China Continental e as forças nacionalistas recuam para a ilha de Formosa (Taiwan).
- É nesse ano que Mao Tsé-Tung proclama a República Popular da China, mas seu governo é marcado por desastrosas falhas econômicas.
- A abertura econômica da China é iniciada por Deng Xiaoping. Ele promoveu importantes reformas modernizantes na agricultura, indústria, ciência, tecnologia, comércio, e na área militar, além de promover uma maior abertura diplomática, chegando a visitar os Estados Unidos.
- A criação das ZEEs (Zonas Econômicas Especiais), que permitem que empresas estrangeiras se estabeleçam em território chinês, é um importante indicador da abertura econômica, incentivando o investimento estrangeiro.
- O termo socialismo de mercado é criado por Xiaoping, definindo uma economia mista distinta da economia planificada do socialismo, mas não inteiramente uma economia de mercado livre, configurando uma economia de mercado liderada pelo Estado.
- Medeiros aponta cinco desafios para o desenvolvimento econômico e a ascensão internacional da China, são eles:
- Primeiro desafio: Crescimento Econômico e Progresso Técnico
- Medeiros trabalha com as perspectivas para o crescimento chinês apontadas por Bob Rowthorn (2006), que indicam que a produção total do país alcançará em 2050 números superiores que a dos Estados Unidos, transformando a economia mundial.
- Para manter o forte ritmo de crescimento, o autor aponta que a China encontrará alguns desafios econômicos: acesso às matérias-primas, manutenção dos níveis de produtividade, expansão salarial e fontes de demanda do seu crescimento econômico.
- Um dos pilares do crescimento se encontra nas exportações chinesas, que tem como trunfo o baixo custo (expresso em dólares internacionais) unitário de bens indústrias. Já a elevação salarial se originou na estabilidade nominal do yuan, a partir da crise asiática de 1997 e na recente valorização do yuan frente ao dólar.
- Atrelado a fatores de câmbio, podemos encontrar o aumento do custo de vida e as pressões no mercado de trabalho como causas determinantes na elevação dos custos salariais.
- A competitividade chinesa não se retraiu com o aumento salarial, em grande parte pelo alto nível de produtividade, que torna baixo o custo de produção em dólares. A necessidade de combinar crescimento econômico com evolução salarial leva a China a investir na especialização de produtos intensivos em conhecimento.
- A busca pelo progresso técnico, através de políticas de desenvolvimento tem gerado tecnologia de ponta no âmbito civil e militar, visando à instauração de um complexo industrial-militar com ênfase nas áreas de eletrônica, aviação, espacial e de novos materiais. Cerca de 30% das maiores empresas chinesas investem em P& D.
- Outro aspecto que complementa a inovação é a qualificação da mão-de-obra chinesa, que é resultado de uma forte política de investimento no ensino superior, gerando um grande número de engenheiros e trabalhadores qualificados.
- O esgotamento do excedente da mão-de-obra urbana nas áreas costeiras segundo alguns estudos (Cai Feng e Yang Du - 2006) tem provocado a denominada “Transição Lewisiana”.
- Elaborado por Arthur Lewis, este estudo teoriza que o fim do deslocamento excedente rural, geraria uma elevação nos salários reais da Indústria, causando redução na acumulação de capital e nos lucros.
- Apesar dos fortes indícios (aumento do salário relativo do trabalhador imigrante e a escassez de trabalho não qualificado em regiões costeiras), dificilmente a transição lewisiana vai perdurar no futuro,
- devido a fatores demográficos e sociais, como a contração da migração da população rural mais jovem e do incremento de investimentos e serviços sociais no interior da China, resultando na diminuição do fluxo migratório.
- Segundo Rowthorn, o aumento do custo de vida e do padrão de consumo na China, já determina a elevação salarial e não apenas a pressão demográfica. Mesmo o nível de produtividade seguindo em alta, os custos salariais se manterão elevados em termos internacionais.
- Estudos do Banco Mundial (2007) avaliam a velocidade das mudanças na China, como o peso que a população rural chinesa tem na estrutura de emprego, que pode ocasionar lentidão na finalização do processo de transição.
- As exportações e os investimentos são as principais fontes de crescimento do PIB chinês, já o consumo das famílias apresentou um crescimento mais lento. A situação chinesa, em casos específicos como a expansão salarial motivada por forças demográficas e sociais,
- poderá apresentar um cenário de crescimento econômico positivo, através do fomento do mercado interno, expansão dos serviços e uma maior divisão social do trabalho, em detrimento das exportações. Projeções indicam que em 20 anos a população chinesa terá um aumento de trezentos milhões de pessoas.
- Segundo desafio: Concentração de Renda e Tensões Sociais
- Ao tratar deste tema, destaca-se primeiramente o crescimento dos investimentos privados e públicos tanto para infraestrutura urbana, quanto para projetos internos do mercado chinês que compensaram a desaceleração das exportações que ocorreu pós-crise asiática de 1997. Ver A crise asiática e a China. OLIVEIRA, Henrique Altemani.
- Em um contexto de redução da expansão do consumo e consequentemente do excedente de mão de obra verifica-se o aumento do salario real urbano residente, queda da pobreza e a ascendência da mobilização social.
- Como resultado natural deste controle macroeconômico, demográfico e social, houve o processo de concentração de renda com o favorecimento dos capitalistas, trabalhadores qualificados e mundo urbano,
- em detrimento dos trabalhadores do campo, migrantes e o mundo rural como um todo, contribuindo para que a China fosse considerada uma das sociedades mais desiguais.
- Em comparação à Curva de Kuznets sobre este processo de concentração de suas consequências, destacamos que antes das reformas adotadas por Deng Xiaoping, a China possuía uma distribuição de renda igualitária, baseada em dois pilares principais:
- a propriedade estatal dos ativos, isto é, terra e capital e na regulação do trabalho e suas condições. Encontrava-se nesta ultima comunas rurais, com ampla participação da população não apenas camponesa, mas toda força de trabalho e emprego assalariado urbano de empresas estatais, todos com salários e benefícios definidos.
- Neste cenário de distribuição igualitária, notava-se o hukou urbano que garantia salários e benefícios sociais e o hukou rural, que garantia a terra.
- No entanto, nos anos 80 toda essa estrutura se esvaziou devido à mudança por políticas favorecedoras da agricultura, e consequentemente de grandes agricultores e diversificando atividades não agrícolas nas vilas e municípios.
- A mudança de cenário no meio agrícola, ou seja, produtividade no campo, vilas e municípios, reduziram o quadro de desigualdade comparado com o meio urbano, o que nos mostra que o alto crescimento econômico da China, não afetou de maneira drástica a distribuição de renda neste momento.
- No entanto, uma nova mudança deste quadro se estabelece nos anos 90, com a expansão do comércio, maior abertura para investimento externo, relaxamento do sistema de domicílio e programa de leasing de terras que fortaleceu a concentração de renda nas mãos dos grandes empresários, capitalistas e assalariados e entre os próprios indivíduos.
- Com a marginalização dos trabalhadores migrantes e especulação de terras inclusive em áreas periféricas, as manifestações desses trabalhadores se intensificaram, obrigando o governo chinês a rever suas políticas de investimento e políticas públicas voltadas para uma generalização do salário mínimo,
- investimento em educação, proteção do trabalho e proteção social, modernização das regiões nordeste, central e ocidentais do país e políticas publicas especificas para os trabalhadores imigrantes.
- Outro ponto foi o direito a sindicalização das classes trabalhadora (incluindo camponeses) e obrigação dos empregadores garantirem melhores condições de trabalho, além de garantirem aos filhos dos imigrantes o acesso ao ensino básico e extensão de previdência social.
- Essas prioridades acabaram por aumentar o consumo das famílias e governo assim como continuam fomentando expectativas de crescimento econômico, bem como avanço de políticas sociais para os trabalhadores não-qualificados.
- Terceiro desafio: Regionalização Asiática
- A Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) surgiu da busca de países asiáticos de formarem um grupo regional próprio. Consolidada no final da década de 1960, a ASEAN é composta atualmente por Brunei, Camboja, Cingapura, Filipinas,
- Indonésia, Laos, Malásia, Myanmar, Tailândia e Vietnã. O grupo estabeleceu entre si uma Zona de Livre-Comércio em 1992.
- O objetivo principal da associação é o de promover crescimento econômico, progresso social e desenvolvimento cultural dos países membros, assim como promover a paz na região.
- Para a China, um gigante emergente que está sob a política estadunidense de contenção tanto na questão econômica quanto na militar, estabelecer relações diplomáticas e comerciais com os Estados-membros da ASEAN e do ASEAN+3 (Japão e Coreia)
- torna-se uma necessidade estratégica geopolítica, já que o principal destino das exportações chinesas são os Estados Unidos, país potencialmente ameaçador ao seu desenvolvimento econômico e militar.
- Assim, parcerias no Sudeste Asiático ajudam a contrabalançar as pressões econômicas dos EUA para a valorização do yuan, como também minimizam a possibilidade de isolamento da China por meio do alinhamento desses países com os Estados Unidos ou apoio a Taiwan no seu projeto de autonomia.
- Entre os cinco desafios colocados no texto-base pelo autor, esse se apresenta como um dos quais o enfrentamento se provou mais efetivo, já que a China conseguiu estabelecer um acordo de livre-comércio com a ASEAN em 2002,
- além de se constituir como o principal ou um dos principais parceiros de importação e exportação do Japão, Coreia do Sul e Taiwan.
- Quarto desafio: A Questão Energética
- A China historicamente é autossuficiente em relação à produção de petróleo e gás para seu consumo, mas devido a sua expansão estratégica e crescimento econômico, ela começa a importar petróleo para suprir o mercado interno e principalmente a indústria pesada de estrutura produtiva.
- Além do alto consumo industrial, o que também elevou o consumo de energia na China foi a difusão do automóvel, que ocorreu através da urbanização e da expansão da renda per capita.
- Desse aumento de consumo decorre a problemática da dependência externa da China em relação à matriz energética, pois mesmo se consolidando como uma grande economia ela está sujeita a um estrangulamento energético em caso de conflito.
- Segurança e energia estão intimamentes ligadas, e o estreitamento de laços e a assinatura de acordos com a Rússia nesse aspecto é favorável à China em termos estratégicos, ainda que mais favorável à Rússia nos termos de troca (a Russia importa tecnologias, sendo computadores e produtos eletrônicos, enquanto exporta para a China armas e petróleo).
- Essas negociações se colocam de modo a contrabalançar o boicote de venda de armas à China por parte dos EUA e da U.E., fazendo com que a China consiga suprir e modernizar sua base militar e se capacitar tecnologicamente.
- Quinto desafio: Dilemas da Ascensão Pacífica
- O autor (Carlos Aguiar de Medeiros) nos traz duas leituras das diferentes existentes sobre a ascensão chinesa. A primeira é do autor Robert Kaplan (jornalista americano) que defende a contenção militar da China.
- Para este autor a emergência da China como uma superpotência é inevitável e, consequentemente, conflitos de interesses com os EUA serão incontestáveis.
- A segunda leitura sobre esse assunto é do autor Kissinger (diplomata americano de origem judaica) que defende a cooperação por parte dos EUA.
- A 1° interpretação (Kaplan) é predominante nos discursos e acções da política de segurança americana. Um exemplo disso foi o discurso proferido pela Condoleezza Rice em 2000 que afirmou que era necessário “conter as ambições de poder e segurança da China”, pois o país oferece riscos ao actual status quo americano.
- A direção desse discurso teve como base as alianças militares na Ásia; a construção com o Japão de um sistema regional de defesa antimíssil; etc.
- Porém, mesmo considerando o andamento dessas estratégias, segundo Carlos Aguiar, elas conflitam com a rede de interesses privados na China que preferem uma estratégia de acomodação cujo modelo de desenvolvimento é muito mais aberto aos investimentos estrangeiros do que o Japão, por exemplo.
- Analisando a história recente, a China vem buscando um desenvolvimento pacífico. Os governos de Chu En-Lai e Deng Xiaoping já tomavam essa direcção.
- O principal obstáculo à ascensão pacífica chinesa é a política de contenção americana, iniciada nos anos 1990 com maior evidência na atualidade. A grande estratégia da China em construir um “poder nacional abrangente” constitui na tentativa de anular a ação americana por meio de políticas econômicas, diplomáticas e militares.
- Conclusão
- O autor trabalha brevemente no texto cada desafio a ser enfrentado de modo que a China consiga manter suas altas taxas de crescimento econômico e inserir-se como potência no Sistema Internacional, sem provocar um conflito direto com a atual configuração de poder,
- sem ameaçar a região em que está inserida, mas ao mesmo tempo estabelecendo acordos e laços de modo garantir o seu desenvolvimento militar, permitindo a prevalência da soberania nacional e sua sobrevivência.
- Porém, o próprio objetivo chinês de se colocar como potência implica o dilema de segurança e a iminência de um conflito com o status quo atual, tornando sua aspiração a uma ascensão pacífica uma meta difícil de ser alcançada.