Curso Online de 1º Curso de Teologia Intensivo

Este curso apresentará noções básicas em geral na perspectiva não somente bíblica, mas teológica, possibilitando um diálogo com conhecimento panorâmico histórico e amplo, embasado através de citações de escritores e estudiosos renomados.

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Teologia é o estudo da existência de Deus, referentes ao conhecimento da divindade, assim como de sua relação com o mundo e com os homens.
Origem do grego “theos” (deus, termo usado no mundo antigo para nominar seres com poderes além da capacidade humana) + “logos” (palavra que revela), por extensão “logia” (estudo).
A teologia estuda as religiões num contexto histórico, pesquisando e interpretando os fenômenos e as tradições religiosas, os textos sagrados, a doutrina, o dogma e a moral e sua influência nas diversas áreas do conhecimento, especialmente nas ciências humanas, como na Antropologia e na Sociologia.
O conceito de teologia aparece pela primeira vez no pensamento grego, através de Platão, no diálogo “A República” para referir-se à compreensão da natureza divina por meio da razão, em oposição à compreensão literária própria da poesia, feita por seus conterrâneos.

1.1. A inserção da Cristandade no Brasil: documentos fundantes
As primeiras referências ao Brasil, ou Brasis, constam de registros cartográficas muito anteriores ao “descobrimento”. Podem ser anotações de caráter mítico, a exemplo da Atlântida, ou anotações de cartógrafos que remontam a navegadores com conhecimento de terras no além mar. De qualquer forma, Brasil é o locativo dos brasileiros, os madeireiros do pau brasil, abundante na costa brasileira e cobiçado pela tinta que fornecia, especialmente para tingir tecidos.
 
Os documentos realmente decisivos e basilares para o que virá a ser o Brasil são obra da cúria romana, na forma de duas Bulas papais e um tratado celebrado entre Espanha e Portugal.

1.2. A inserção da Cristandade no Brasil: documentos fundantes

a) Bula Romanus Pontífex, de 1454. Nela o Papa Nicolau V dá legitimidade ao emergente expansionismo europeu, dando à coroa portuguesa o direito de tomar posse de terras africanas e escravizar os africanos prisioneiros:
“... concedemos ao dito rei Afonso a plena e livre faculdade, entre outras, invadir, conquistar, subjugar quaisquer sarracenos e pagãos, inimigos de Cristo, suas terras e bens, a todos reduzir a escravidão e tudo aplicar em utilidade própria e dos seus descendentes ...”
Cit. Bula Romanus Pontifex, do Papa Nicolau V, de 08 de janeiro de 1454. In RIBEIRO, Darci; MOREIRA NETO, Carlos de Araújo (org.). A fundação do Brasil: testemunhos, 1500 -1700. Petrópolis, Vozes, 1992, 16.

1.2. A inserção da Cristandade no Brasil: documentos fundantes

b) Bula Inter Cetera, de 1493. Através deste documento, o Papa Alexandre VI concede as prerrogativas da Romanus Pontifex também aos espanhóis. A motivação é a chegada de Colombo às Américas, que erroneamente julgava ser as Índias:
“ ... sujeitar a vós, por favor da Divina Clemência, as terras firmes e ilhas sobreditas, e os moradores e habitantes delas, e reduzi-los a fé católica ... todas (essas) ilhas e terras firmes achadas e por achar, descobertas ou por descobrir ... a Vós e a vossos herdeiros e sucessores (Reis de Castela e Leão) pela autoridade do Deus onipotente a nós concedida em S. Pedro ... vo-las doamos, concedemos e entregamos com todos os seus Domínios, Cidades, Fortalezas, Lugares, Vilas, jurisdições e todas as pertenças. E a vós e os sobreditos herdeiros e sucessores, vos fizemos, constituímos e deputamos por senhores das mesmas, com pleno, livre e onímodo poder, autoridade e jurisdição ...”

1.2. A inserção da Cristandade no Brasil: documentos fundantes

b) Bula Inter Cetera, cont. citações:

Bula Inter Cetera, de Alexandre VI, de 04 de maior de 1493. In: RIBEIRO, Darci; MOREIRA NETO, Carlos de Araújo (org.). A fundação do Brasil: testemunhos, 1500 -1700. Petrópolis, Vozes, 1992, 17. As Bulas Romanum Pontifex e Inter Cetera são basilares para emergente expansionismo europeu. São os documentos fundantes e legitimadores. A infinidade de documentos posteriores sobre direitos de grupos específicos de indígenas ou questionando a escravidão, não retroagiram em relação aos fundamentos firmados nestes documentos. Antes normatizam, suavizam ou alertam para o rápido desgaste da riqueza em mão-de-obra que o “descobrimento” propiciou aos europeus

1.2. A inserção da Cristandade no Brasil: documentos fundantes

c) Tratado de Tordesillas, de 1494. Através deste tratado, os reis de Portugal e Espanha dividem entre si, com a bênção do Papa, o mundo não europeu. Grosso modo, Portugal fica com o Atlântico e a Espanha com o pacífico:
“... Por mandado ... do Rei Dom Fernando e da Rainha Dona Isabel, Rei e Rainha de Castela ... foram descobertas e achadas novamente algumas ilhas, e poderiam adiante descobrir e achar outras ilhas e terras sobre as quais tanto umas como outras, achadas e por achar, pelo direito e pela razão que nisso temos, poderiam sobrevir entre nós todos e nossos reinos e senhorios, súditos e naturais deles, que Nosso Senhor não consinta; a nós apraz pelo grande amor e amizade que entre todos nós existe, e para se buscar, procurar e conservar maior paz e mais firme concórdia e sossego, que o mar em que as ditas ilhas estão e forem achadas, se parte e demarque entre nós todos de alguma boa, certa e limitada maneira ... visto como entre os ditos senhores seus constituintes há certa divergência sobre o que a cada um das ditas partes pertence do que até hoje, dia da conclusão deste tratado está por descobrir no mar Oceano ...

1.2. A inserção da Cristandade no Brasil: documentos fundantes
c) Tratado de Tordesillas, cont
outorgaram e consentiram que se trace e assinale pelo dito mar Oceano uma raia ou linha direita de pólo a pólo ... a trezentas e setenta léguas das ilhas de Cabo Verde em direção à parte do poente ... e cada uma coisa, e parte disso realmente, e com efeito, livre de toda fraude, penhor, e engano, ficção e simulação, e não o contradirão em tempo algum, nem por alguma maneira, sob o qual dito juramento juram não pedir absolvição nem relaxamento disso ao nosso Santíssimo Padre, nem a outro qualquer legado ou prelado que a possa dar, e ainda que de motu proprio da dêem não usarão dela, antes por essa presente capitulação suplicam no dito nome ao nosso Santíssimo Padre, que haja sua Santidade por bem confirmar e aprovar esta dita capitulação ...”
Tratado de Tordesillas, de 07 de junho de 1494. In: RIBEIRO, Darci; MOREIRA NETO, Carlos de Araújo (org.). A fundação do Brasil: testemunhos, 1500 -1700. Petrópolis, Vozes, 1992, 18.

2. A INSERÇÃO DA CRISTANDADE COLONIAL NO BRASIL
2.1. Contexto
Primeiro período: 1500 a 1530 - Escambo, ausência da instituição eclesiástica
Segundo Período: 1530 a 1549 - Martim Afonso de Souza, Capitanias, sesmarias, cana-de-açúcar, concorrência francesa, domínio dos donatários.
Terceiro período: 1549 a 1808 - Governo geral, revolução industrial.

2. 2. A inserção da cristandade colonial Brasil
A presença sistemática de missionários coincidiu com a centralização do poder político no Brasil colônia. Os primeiros jesuítas chegaram em 1549, acompanhando o primeiro governador geral do Brasil, Tomé de Souza.
Entre os seis jesuitas que acompanharam Tomé de Sousa estava Manuel da Nóbrega, em 1553 se tornou o pimero provincial da colônia brasileira. Cf. PRIEN, Hans-Jurgen. Die Geschichte des Christentums in Latein Amerika, Gttingen, Vanderhoeck & Ruprecht, 1978, 151. José de Anchieta, que chegou ao Brasil em 1553, foi o segundo provincial. Cf. ídem, 152

2. 2. A inserção da cristandade colonial Brasil, cont...
Os jesuítas foram os únicos missionários a atuarem no Brasil até 1580 (União Ibérica). Foram eles os verdadeiros intelectuais orgânicos da missão colonial, cuja fidelidade ao poder secular era parte constitutiva de sua autoconsciência de vida cristã. Uma passagem dos “Exercícios Espirituais” de Santo Inácio ilustra bem este aspecto:

cit. Durante a União Ibérica vieram os franciscanos, carmelitas, beniditinos, capuchinhos francese e os padres das Mercês enpanhóis. A partir daí o atendimento aos colonos lusos passou a constituir um eixo missionário. Cf. AZZI, Cristandade colonial, 81.