Curso Online de A mente humana e a ilusão : um estudo significativo acerca dos nossos erros cognitivos
Este curso trata das nossas frágeis percepções do mundo, das pessoas e da realidade. Temos condições de conhecer a realidade ou verdade? ...
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- A Mente Humana e a Ilusão : Um estudo Significativo Acerca dos nossos erros Cognitivos
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A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz . Se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas .
Mateus 6:23
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O que a Filosofia tem a nos dizer?
O homem é a medida de todas coisas, dizia Protágoras o sofista, isso que dizer a grosso modo que não existe uma verdade absoluta, pois cada ser humano possui a sua própria verdade, a verdade então seria algo subjetivo, ou seja, as impressões de cada um. Segundo Resende ( 2001) os sofistas, dentre outras coisas, afirmavam que era impossível aprender.Todavia Sócrates argumentava que este tipo de discurso era capcioso. Além disso, os sofistas também se consideravam polimatas, ou seja, sabiam tudo, eles afirmavam que para persuadir qualquer pessoa era preciso saber falar sobre qualquer coisa, isto é , era necessário saber tudo confundí-la a qualquer preço ganhando assim a disputa.
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Enquanto Sócrates fazia uso da dialética, os sofistas utilizavam a erística( disputa verbal).A dialética tinha função purificadora, mas a erística era constituído de argumentos viciosos (sofismas). Assim, os sofistas não tinham nenhum compromisso com a verdade já que acreditavam que cada um possui a sua própria verdade . A realidade seria relativa, ou melhor, qualquer tese poderia ser encarada como verdadeira ou falsa a depender da ótica de cada um . Essas ideias sofreram críticas em seu tempo por conta do seu subjetivismo(COUTRIM E FERNANDES , 2010)
Platão em “ o Mito da Caverna” também traz uma significativa reflexão sobre o que seria verdade ou realidade . Segundo a filósofo, o ser humano, inicialmente, vive no mundo das aparências na qual obtêm conhecimento através dos sentidos. Esses sentidos que nós possuímos seriam imperfeitos, logo o conhecimento que nos chega por intermédio deles seriam imperfeitos também como na alegoria do mito da caverna. Vejamos: -
“Imaginemos homens que vivam numa caverna cuja entrada se abre para a luz em toda a sua largura, com um amplo saguão de acesso. Imaginemos que esta caverna seja habitada, e seus habitantes tenham as pernas e o pescoço amarrados de tal modo que não possam mudar de posição e tenham de olhar apenas para o fundo da caverna, onde há uma parede. Imaginemos ainda que, bem em frente da entrada da caverna, exista um pequeno muro da altura de um homem e que, por trás desse muro, se movam homens carregando sobre os ombros estátuas trabalhadas em pedra e madeira, representando os mais diversos tipos de coisas. Imaginemos também que, por lá, no alto, brilhe o sol. Finalmente, imaginemos que a caverna produza ecos e que os homens que passam por trás do muro estejam falando de modo que suas vozes ecoem no fundo da caverna. Se fosse assim, certamente os habitantes da caverna nada poderiam ver além das sombras das pequenas estátuas projetadas no fundo da caverna e ouviriam apenas o eco das vozes. Entretanto, por nunca terem visto outra coisa, eles acreditariam que aquelas sombras, que eram cópias imperfeitas dos objetos reais, eram a única e verdadeira realidade
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e que o eco das vozes seriam o som real das vozes emitidas pelas sombras. Suponhamos, agora, que um daqueles habitantes consiga se soltar das correntes que o prendem. Com muita dificuldade e sentindo-se freqüentemente tonto, ele se voltaria para a luz e começaria a subir até a entrada da caverna. Com muita dificuldade e sentindo-se perdido, ele começaria a se habituar à nova visão com a qual se deparava. Habituando os olhos e os ouvidos, ele veria as estatuetas moverem-se por sobre o muro e, após formular inúmeras hipóteses, por fim compreenderia que elas possuem mais detalhes e são muito mais belas que as sombras que antes via na caverna, e que agora lhes parece algo irreal ou limitado.
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Suponhamos que alguém o traga para o outro lado do muro. Primeiramente ele ficaria ofuscado e amedrontado pelo excesso de luz; depois, habituando-se, veria as várias coisas em si mesmas; e, por último, veria a própria luz do sol refletida em todas as coisas.
Compreenderia, então, que estas e somente estas coisas seriam a realidade e que o sol seria a causa de todas as outras coisas. Mas ele se entristeceria se seus companheiros da caverna ficassem ainda em sua obscura ignorância acerca das causas últimas das coisas. Assim, ele, por amor, voltaria à caverna a fim de libertar seus irmãos do julgo da ignorância e dos grilhões que os prendiam. -
Mas, quando volta, ele é recebido como um louco que não reconhece ou não mais se adapta à realidade que eles pensam ser a verdadeira: a realidade das sombras. E, então, eles o desprezariam....”
(Disponível em: Acesso em : 13.08.22)
Em oposição ao mundo das aparência estaria o mundo das ideias. Tal dimensão seria o mundo perfeito, no qual a razão domina e não o corpo. É bom lembrar que Platão fazia separação entre corpo e alma , sendo o primeiro fonte de erro e dos vícios enquanto a segundo seria imortal Esta alegoria tem muito valor para se refletir o mundo atual, pois existem milhões de pessoas ou mais que acreditam que detêm a verdade ou sabem o que é realidade, porém tais indivíduos não percebem assemelhar-se aos homens que só enxergavam as sombras, mas pensavam estar de posse da realidade como no Mito da Caverna. -
Um outro filósofo muito importante para entendermos o tema é Schopenhauer, em sua obra clássica o” Mundo Como Vontade e Representação”, ele aborda o fato que os seres humanos não conhecem a realidade em si , mas a conhecem segundo as suas próprias representações. Assim, podemos perceber que os temas referentes à maneira como percebemos o mundo são abordados por pensadores diversos no decorrer da história. Os maiores conflitos que existem entre os seres humanos, existem por conta dessa tendência que os seres humanos têm de acreditarem que são detentores da verdade.
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Entretanto, não é minha pretensão querer demonstrar com tais exemplos que a verdade não existe, como os sofistas afirmavam, pois se assim o fizesse eu estaria equivocadamente afirmando outro extremo , mas defendo que, na maioria das vezes , por conta da bagagem que trazemos e de nossas referências e erros cognitivos, a verdade se encontra bem distante de nós . De acordo com as pesquisas realizadas no campo da Psicologia, não vemos a realidade como ela é, mas estamos, o tempo todo, interpretado mundo à nossa volta. Este é o dilema milenar da humanidade que pode ser fonte de beleza e bem estar, mas que, a maior parte das vezes, produzem mazelas como as guerras, genocídios , escravidão e totalitarismo
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Por exemplo, duas ou mais pessoas que discutem sobre qual é o partido ou candidato melhor, quando estranhamos a cultura alheia ou quando um casal que se envolve em uma discussão buscando, não o bom senso, mas provar rum para o outro que o seu ponto de vista é o verdadeiro, são bons exemplos do que estamos tratando até agora. É muito comum só aceitarmos aquilo que está de acordo com as nossas crenças e o nosso ponto de vista, é o que veremos quando estudarmos o viés de confirmação nos slides posteriores. Infelizmente, somos cegos para as nossas limitações cognitivas e acreditamos cem por cento em nossas interpretação acerca do mundo.
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Capítulos
- 1.O que a Filosofia tem a nos dizer?
- 2.A Gestalt
- 2.1Meio Geográfico e Meio comportamental
- 3. O Homem é um Animal racional?
- 3.1 Mecanismo de Defesa
- 4. Economia Comportamental
- 4.1Efeito de Framing
- 5.Comunicação não Violenta
- 5.1Observar sem Avaliar
- 6.Temos acesso à realidade ou à verdade?
- 7.Nem Radicalismo nem Relativismo Extremo
- Referências